A pesquisa acompanhou a vida de mais de 20 mil garotas americanas por 15 anos seguidos.
(Super Interessante, 27/02/2018 – acesse no site de origem)
Mesmo nos países em que o aborto é legalizado, ele é controverso – e não faltam pesquisas que tentam entender quais os impactos psicológicos de interromper uma gravidez.
Essa preocupação está no cerne das políticas públicas: dos EUA ao Uruguai, é muito comum que um requisito para o aborto legal sejam sessões de aconselhamento psicológico. Até aí tudo bem – mas em seis estado americanos, esse profissional é obrigado a enfatizar os riscos à saúde mental e as “respostas emocionais negativas” que o aborto traz.
Essa obrigação estaria atrelada a pesquisas que mostram que o aborto aumentaria o risco de distúrbios emocionais. Mas esse não é o caso. Segundo investigou a professora Anu Manchikanti Gómez, da Universidade da Califórnia em Berkeley, a ciência diz o contrário: artigo após artigo demonstra que não há risco aumentado de ansiedade, depressão ou queda de autoestima associado ao aborto.
Ela decidiu tirar a prova, analisando 15 anos seguidos de dados sobre mais de 20 mil garotas americanas, em um dos maiores estudos já feitos sobre o assunto. Seu foco eram as mulheres jovens, que seriam especialmente vulneráveis. Primeiro, porque a frequência de depressão e ansiedade no início da vida adulta é maior. E, depois, porque é nessa faixa etária de pouca estabilidade que costuma ocorrer a primeira gravidez de uma mulher – e ela é quase sempre acidental.
Cerca de 45% de todas as gestações são classificadas pelas mulheres como “indesejadas” no momento da concepção. Mas quando olhamos só para as mulheres que engravidam entre os 18 e o início dos 20, esse número sobe para 76%.