EUA e Brasil entre os países que rejeitaram o aborto na conferência sobre o desenvolvimento da ONU

14 de novembro, 2019

Reunião teve lugar no Quénia. Grupo de dez países rejeitaram as conclusões por algumas expressões serem “usadas de forma agressiva para promover certas práticas como o aborto”.

(Público, 14/11/2019 – acesse no site de origem)

Dez países que participam na Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD 25) rejeitaram assinar compromissos ou conclusões que abordem temas como o aborto e o controlo da natalidade.

“Não há direito internacional ao aborto”, disse a chefe da delegação norte-americana, Valerie Huber, lendo um comunicado aprovado por dez dos países que participam na conferência que decorreu entre terça-feira e hoje no Quénia. “As leis internacionais — frisou — dizem de forma clara que todo o mundo tem direito à vida”.

Estados Unidos da América, Bielorrússia, Brasil, Hungria, Polónia, Santa Lúcia, Egipto, Haiti, Senegal e Uganda desvincularam-se de “documentos internacionais com palavras e expressões ambíguas, como direitos sexuais e reprodutivos, que não têm consenso internacional”, diz uma declaração conjunta, por considerarem que “foram usadas de forma agressiva para promover certas práticas como o aborto”.

Os representantes de mais de 160 países estão a debater, desde terça-feira, formas de acelerar o programa de acção acordado na CIPD realizada no Cairo em 1994, a primeira em que a saúde sexual e reprodutiva passou a ser considerada um direito humano, e na qual foram abordados temas como a mortalidade materna e a violência doméstica.

No seu comunicado, os dez países pedem que se respeitem as metas conseguidas no Cairo, mas criticam a suposta falta de consenso durante a conferência.

“Os resultados desta conferência não foram negociados de forma intergovernamental e não são resultado de um processo consensual, e por isso não deveriam ser considerados normativos nem deveriam aparecer em documentos futuros como linguagem negociada de forma intergovernamental”, disse nesta quinta-feira Huber, a escolha do Presidente Donald Trump para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, que promove a abstinência sexual.

Entre as críticas destes países, destaca-se a relutância em apoiar o que consideram “uma educação sexual que falha em manter os pais envolvidos e que promove o aborto como uma forma de planeamento familiar”.

Os países censuraram o facto de que se fomente principalmente o controlo da natalidade e não o aumento da natalidade, depois de as previsões feitas no Cairo sobre crescimento populacional não se terem cumprido, “com a maioria das regiões do mundo com uma taxa de fertilidade mais baixa que as taxas de substituição da população”.

“Como resultado, a planeamento familiar deve centrar-se tanto em conseguir de forma voluntária a gravidez como em prevenir a gravidez indesejada”, salientou a delegada norte-americana.

Os temas destacados nesta conferência, muitos dos quais causaram mal-entendidos entre uma minoria de grupos ultraconservadores e religiosos que se manifestaram nas ruas de Nairobi, foram a igualdade de género, o direito ao aborto, os direitos sexuais de pessoas com deficiência, o planeamento familiar e a violência doméstica.

A CIPD25 foi organizada pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) e os Governos do Quénia e da Dinamarca.

Por Lusa

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