Gravidez não planejada atinge 65,7% das mulheres em SP e é maior entre pretas, pardas e com menos estudo, diz pesquisa

Mulher em cama de hospital – Foto: Freepik

Foto: Freepik

24 de abril, 2025 Brasil de Fato Por Adele Robichez e Kaique Santos

Autor do estudo alerta para desigualdades de gênero e acesso precário a métodos contraceptivos no SUS

Mais de seis em cada dez mulheres grávidas no estado de São Paulo afirmaram estar passando por uma gestação não planejada. A taxa, de 65,7%, supera a média histórica nacional – que varia entre 52% e 55% – e revela um quadro alarmante de violações ao direito ao planejamento reprodutivo. Os dados são de um estudo conduzido por Negli Gallardo, sociólogo e doutorando da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

O pesquisador entrevistou 534 mulheres grávidas, com idades entre 18 e 49 anos, em diferentes regiões do estado. O questionário foi aplicado online e presencialmente. Segundo ele, as gestações não planejadas foram mais frequentes entre mulheres pretas e pardas (74%), com menos escolaridade (77%), que não estavam casadas (85%) e com mais filhos. Também foram maioria entre as mais jovens.

“Tem muita literatura relacionada à saúde que fala que educação é um fator que transforma a vida das pessoas e melhora a saúde, inclusive a sexual e reprodutiva. Na nossa pesquisa, achamos que mulheres com menos de 12 anos de escolaridade têm mais chance de gravidez não planejada. Então acreditamos que educação superior, graduação e pós, tinha que ser mais abrangente, particularmente para mulheres pretas e pardas. Assim, elas conseguem mais informações sobre saúde sexual e reprodutiva, que podem melhorar a vida delas”, afirmou Gallardo ao programa Conexão BDF, do Brasil de Fato.

Além do impacto na saúde, o autor do estudo ressalta os custos sociais de uma gravidez não planejada. O pesquisador relembra um levantamento feito por seu orientador, o médico e professor emérito da Unicamp, Luis Bahamondes, que estimou um gasto extra de US$ 1.000 por gestação não planejada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Mas esse não é o único impacto.

“Quando há uma gravidez não desejada, a mãe vai ter que disponibilizar mais tempo dela nos cuidados com a criança, porque as relações de gênero foram construídas assim na sociedade. Há uma naturalização da maternidade como uma das responsabilidades das mulheres. Vai distorcer o momento que a mulher está vivendo, ela vai ter que tomar decisões difíceis, fazer ajustes na vida e nos planos, mais do que os homens”, explica Gallardo.

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