(Agência Brasil, 24/11/2014) Em dez anos, o número de mortes por câncer de útero em relação ao número de mulheres teve uma leve queda no país, passando de 5,04 casos para cada 100 mil mulheres em 2002 para 4,72 casos em 2012. Em números absolutos, no entanto, o número de mortes aumentou, já que a população também cresceu nesse período. Em 2002, a doença matou 4.091 mulheres e, em 2012, 5.264.
Os números são do Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil, que o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgam nesta semana. O levantamento mostra o câncer de colo do útero como o terceiro tipo que mais mata mulheres no país, atrás apenas do de mama e dos de brônquios e pulmões. A estimativa do Ministério da Saúde é que o Brasil feche este ano com 15.590 novos casos de câncer de colo do útero.
“Aumenta o número absoluto porque a população continua crescendo e há uma pequena diminuição no número relativo. Isso é explicado por um conjunto de medidas que vêm sendo tomadas na proteção da mulher, o exame de papanicolau, o uso de preservativos, a mulher está se cuidando mais”, disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro, em entrevista à Agência Brasil.
Para ele, isso não significa que o Brasil esteja em uma situação adequada. ”Podemos diminuir mais ainda essas mortes, diminuir a importância do câncer de colo do útero entre as causas de morte entre as mulheres. Nos últimos dez anos, ele caiu para terceiro lugar, mas, ainda assim, podemos mudar essa história devido à vacina do HPV.”
O Ministério da Saúde está vacinando meninas de 11 a 13 anos contra o vírus HPV, principal causa do câncer de colo do útero. A medida, tomada em mais 100 países, pode fazer com que a atual geração tenha uma incidência significativamente menor da doença, já que existe a vacina contra um dos dois dos vírus responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero. No ano que vem, a vacina passará a ser oferecida a adolescentes de 10 e 11 anos e, em 2016, às de 9 anos.
Apesar de 97,7% do público-alvo terem tomado a primeira dose da vacina, apenas 49% receberam a segunda aplicação, até o dia 21 deste mês, o que soma um total de 2,4 milhões de meninas. O Ministério da Saúde assegura que a vacina não traz riscos e ressalta que só a primeira dose não garante a imunização. Cinco anos após a primeira dose, as meninas precisam retornar aos postos de vacinação para receber a dose de reforço, que garantirá proteção por mais tempo.
A vacina contra o HPV está disponível nas 35 mil salas de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). Recomendada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a vacina gera proteção contra quatro subtipos da doença (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia.
Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero e os subtipos 6 e 11 por 90% das verrugas anogenitais.
O ministro Arthur Chioro ressalta que só a vacina não é suficiente para prevenir o câncer de colo de útero.
“As mulheres com mais de 13 anos, adolescentes e jovens, têm como grande instrumento de prevenção o diagnóstico precoce, que é [obtido por meio do] papanicolau, e o sexo seguro, ou seja, com o uso do preservativo, até porque o HPV temalta transmssibilidade e alta relação com o câncer de colo de útero.”
Aline Leal
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