Mulheres com HIV são alvo de nova fase de vacinação contra HPV

09 de março, 2015

(O Globo, 09/03/2015) Infectadas com o vírus da AIDS são mais suscetíveis ao câncer de colo do útero; outra novidade é a inclusão de meninas de 9 a 11 anos

Cerca de 33,5 mil mulheres de 9 a 26 anos que vivem com o vírus HIV são o mais novo alvo da segunda etapa da vacinação contra o Papiloma Vírus Humano (HPV). Mais suscetível a complicações decorrentes do HPV, esse público tem probabilidade cinco vezes maior de desenvolver câncer no colo do útero do que a população em geral. Outra novidade da campanha é a inclusão das meninas de 9 a 11 anos. Em 2014, se iniciou o processo para as meninas de 11 a 13 anos.

A inclusão do grupo com HIV como prioritário para a prevenção segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) do Programa Nacional de Imunizações (PNI), em conformidade com o Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais.

— A vacina é extremamente segura, uma proteção para a vida. Além de proteger a menina, os estudos mostram que a comunidade também fica protegida. E a parceria com as escolas é fundamental nesse esforço do Ministério da Saúde. Precisamos contar com a colaboração dos pais e das escolas para conseguir alcançar a nossa meta e começar a escrever uma outra história no nosso país de enfrentamento à essa doença, que é o terceiro tipo de câncer que mais mata as mulheres no Brasil — falou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, nesta segunda-feira, em evento de lançamento da campanha, em Belo Horizonte.

A vacina está disponível desde o início de março nas 36 mil salas de vacinação espalhadas pelo país. E para este ano, o Ministério da Saúde recomenda aos estados e municípios que façam parcerias com as escolas públicas e privadas, repetindo a estratégia adotada na primeira dose da vacina, quando 100% do público estimado, de 4,95 milhões de meninas de 11 a 13, foi vacinado.

Já a segunda dose, que teve a administração apenas nos postos de saúde, alcançou 2,9 milhões de meninas, atingindo 58,7% do público-alvo.

A expectativa do Ministério da Saúde é a de vacinar 4,94 milhões de meninas em 2015.

Junto com o grupo de adolescentes de 11 a 13 anos vacinadas no ano passado, essa pode ser a primeira geração praticamente livre do risco de morrer do câncer do colo do útero. A meta é vacinar, em parceria com as secretarias estaduais e municipais da saúde, 80% do público-alvo.

ESQUEMA VACINAL

Para receber a dose, basta apresentar o cartão de vacinação e o documento de identificação. Cada adolescente deverá tomar três doses para completar a proteção. A segunda deve ser tomada seis meses depois, e a terceira, cinco anos após a primeira dose. A partir de 2016, serão vacinadas as meninas de 9 anos.

As meninas de 11 a 13 anos que só tomaram a primeira dose no ano passado também podem procurar um posto de saúde ou falar com a coordenação da escola para dar prosseguimento ao esquema vacinal. Isso vale ainda para as meninas que tomaram a primeira dose aos 13 anos e já completaram 14.

Para as mulheres que vivem com HIV, o esquema vacinal também conta com três doses, mas com intervalos diferentes. A segunda e a terceira doses serão aplicadas dois e seis meses após a primeira. Nesse caso, elas precisarão apresentar a prescrição médica.

Desde março de 2014, o SUS oferece a vacina quadrivalente, que confere proteção contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia em quem segue corretamente o esquema vacinal. Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero em todo mundo e os subtipos 6 e 11 por 90% das verrugas anogenitais.

A vacina contra HPV tem eficácia comprovada para proteger mulheres que ainda não iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus. É utilizada como estratégia de saúde pública em mais de 50 países, por meio de programas nacionais de imunização.

O HPV é um vírus transmitido pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas por meio de relação sexual. Também pode ser transmitido da mãe para filho no momento do parto.

Estimativas da Organização Mundial da Saúde indicam que 290 milhões de mulheres no mundo são portadoras da doença, sendo 32% infectadas pelos tipos 16 e 18.

Em relação ao câncer do colo do útero, estudos apontam que 270 mil mulheres, no mundo, morrem devido à doença.

Acesse o PDF: Mulheres com HIV são alvo de nova fase de vacinação contra HPV (O Globo, 09/03/2015)

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