(Agência de Notícias da Aids) Um Grupo de Trabalho reuniu-se na última sexta-feira, 4 de outubro, em Porto Alegre (RS) para discutir um plano de ação para o enfrentamento da situação epidemiológica do estado. Atualmente, o Rio Grande do Sul é o estado com as maiores taxas de detecção de aids no país, ocupando o primeiro lugar entre as Unidades da Federação desde 2006, com taxa atual de 40,2 por 100 mil habitantes. A taxa geral do Brasil é de 20,2.
Para Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, o Rio Grande do Sul “apresenta um panorama epidêmico muito particular, com concentração em populações específicas e tendência de crescimento para além das populações mais vulneráveis”. Essa situação emergencial levou o Ministério da Saúde a instituir uma Cooperação Interfederativa entre os governos estadual, municipal e federal, em conjunto com representantes locais da sociedade civil, como universidades, a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids, o Movimento da Cidadãs Positivas, a Rede de Jovens Vivendo e Convivendo com HIV e Aids e o Fórum ONG/Aids do Estado.
Ricardo Kuchenbecker, coordenador geral do Grupo de Trabalho, destacou “o caráter inédito da iniciativa do Ministério da Saúde, que pela primeira vez reúne uma gama ampla de atores envolvidos na resposta à epidemia para, num plano de emergência, enfrentar as peculiaridades da situação epidemiológica do estado”. Kuchenbecker disse ainda que, num primeiro momento, será criada uma sala de situação que irá monitorar a assistência, prevenção e a gestão dos serviços, de forma a se ter um panorama geral da situação. A partir daí, a meta é estabelecer um plano de trabalho para, em 120 dias, fazer um diagnóstico da situação e um plano de trabalho para estabelecimento de ações nos próximos 12 meses, explicou o coordenador.
Nas discussões desta sexta-feira, ficou acertada como ação de emergência a ampliação da testagem e da oferta do diagnóstico, de forma a iniciar imediatamente o tratamento das pessoas infectadas. Além disso, foi definido como eixo prioritário o combate ao estigma e preconceito, integrado à incorporação de novas tecnologias. O grupo reunido nesta sexta-feira apontou, como principal tarefa para responder à epidemia no RS, a mudança de paradigma de uma “lógica da prestação de serviços para a lógica das redes de atenção”. O movimento social presente manifestou a posição de que as ações relacionadas às novas tecnologias sejam realizadas dentro das estruturas do sistema de saúde existentes.
Também fazem parte do grupo de trabalho reunido hoje representantes do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e dos Programas de DST e Aids de municípios prioritários como Porto Alegre, Caxias do Sul, Rio Grande, São Leopoldo e Viamão. O grupo, que reuniu cerca de 40 pessoas, conta com assessoria de um grupo de apoio técnico especializado, composto por Paulo Roberto Teixeira, do programa estadual de DST e Aids do estado de São Paulo; Ésper Georges Kallas, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Valdiléia Gonçalves Veloso dos Santos, da Fiocruz; e Amilcar Tanuri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Situação epidemiológica – O estado do Rio Grande do Sul identificou (de 1983 a junho de 2012) 65.852 casos de aids, representando 50,3% dos casos acumulados na Região Sul e 10,0% dos casos identificados no Brasil. Em 2011, a população do estado representava cerca de 5,6% da população do Brasil e seu número de casos para o mesmo ano representava 11,1% do total de casos do país.
De 2002 a 2011, o estado apresentou as maiores taxas de detecção de aids do país, quando comparadas às taxas observadas nas demais Unidades da Federação e às taxas do Brasil e da Região Sul. De 2009 a 2011, as taxas de detecção do Rio Grande do Sul foram duas vezes maiores do que as taxas do país.