(Agência de Notícias da Aids) A poucos dias do 1º de Dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids, organizações da sociedade civil manifestam preocupação com a campanha nacional de prevenção ao HIV deste ano. Segundo ativistas que participam da Comissão Nacional de Articulação com os Movimentos Sociais (CAMS), representantes do Ministério da Saúde haviam informado em reuniões com esses grupos que seriam investidos cerca de R$ 8 milhões na campanha deste ano, mas o valor real será de apenas R$ 1,5 milhão.
“Isso demonstra falta de comprometimento do governo. Às vésperas do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, estão rasgando a carta de compromissos que a presidenta Dilma assinou quando era candidata”, denuncia o presidente do Fórum de ONG/Aids de São Paulo, Rodrigo Pinheiro.
O Fórum encaminhou documento ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçando a importância da campanha. “A veiculação nos meios de comunicação é imprescindível para alcançar a população alvo e sensibilizar a população em geral”, diz o documento.
A resposta do governo
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que as campanhas publicitárias de HIV/Aids sempre foram prioridade e que respondem por 10% do orçamento total de publicidade do Ministério, que promove anualmente duas ações principais: uma durante o carnaval e outra em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra Aids, em 1ª de dezembro. O órgão informou ainda que em 2011, o investimento em publicidade sobre HIV/Aids é de R$ 14 milhões.
“O Ministério tem realizado ações sistemáticas de divulgação da necessidade de se realizar precocemente o teste diagnóstico, por meio da campanha “Fique Sabendo”, com atividades desenvolvidas em grandes eventos de massa como a Festa do Peão de Barretos e o Rock in Rio. Para o Dia Mundial, serão utilizadas também outras formas de divulgação na imprensa, nas redes sociais e em outros espaços de mobilização social”, finalizou a nota.
Leia a seguir, na íntegra, a carta enviada ao ministro da Saúde:
Exmo.sr. Ministro da Saúde – Alexandre Padilha
Nós, Sociedade Civil Organizada, estamos acompanhado atentamente os vários obstáculos para que a Campanha de 1º. de Dezembro efetivamente seja realizada a contento. Para nós é motivo de indignação saber que faltando apenas 12 dias da data, ainda existem tantos impasses acerca do tema, da peça, dos espaços de avaliação e principalmente dos poucos recursos destinados para campanha.
– Considerando que vivemos num País que lidera a resposta mundial, que propaga aos quatro ventos que tem um dos melhores programas governamentais de luta contra aids do planeta, inclusive nas metas da UNGASS, não tenha um adequado planejamento para execução das ações de 1º. de Dezembro.
– Considerando que o Brasil tem uma perversa epidemia concentrada e que se estima que em cada 10 homossexuais um seja HIV+ e que estratégias contundentes devem ser efetivadas para reduzir esse inaceitável quadro epidemiológico.
– Considerando que a Campanha deste ano focará especificamente Jovens Gays, população prioritária, deveria contar com ampla e irrestrita agenda de considerações e encaminhamentos;
– Considerando que a veiculação nos meios de comunicação de massa é imprescindível para alcançar a população alvo e sensibilizar a população em geral.
– Considerando os inúmeros manifestos veiculados pelas redes repudiando os escassos valores destinados para a Campanha;
– Considerando que o Termo de Compromisso assinado pela Presidenta Dilma Rousseff elencava inúmeros pontos imperativos, entre os quais, amplas campanhas de prevenção e fortalecimento das ações para populações mais vulneráveis;
Manifestamos nossa total preocupação com a forma com que esse tema vem sendo tratado, destarte, conclamamos que o Ministério da Saúde, repense sua conduta e mova todos os esforços para que tenhamos uma campanha de 1º. de Dezembro digna da resposta nacional e do povo brasileiro.
Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo
Acesse essa matéria: Ativistas enviam carta ao Ministro da Saúde reclamando de pouco recurso financeiro para a campanha do Dia Mundial de Luta Contra a Aids (Agência de Notícias da Aids – 18/11/2011)
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