(Folha de S.Paulo) Na avaliação do jornal, o documento “Juntos pelo Brasil que queremos”, apresentado pela candidata à Presidência pelo Partido Verde, Marina Silva, procura fugir de qualquer polêmica que possa contrariar o eleitor conservador, os militares ou as convicções religiosas da candidata, que é evangélica.
A descriminalização da maconha e do aborto – prevista na primeira campanha do PV e no documento partidário -, o fim do serviço militar obrigatório, a criação de ecotaxas para coibir o consumo de gasolina e a produção de automóveis são algumas das bandeiras que marcaram as duas primeiras candidaturas do PV à Presidência, mas que foram descartadas pela campanha de Marina Silva em 2010.
Procurado pela reportagem, o coordenador da campanha de Marina Silva, João Paulo Capobianco, declarou que o partido só mudou em temas “não estruturais”.
“São coisas diferentes. O programa do PV mantém várias dessas questões que se chamam de libertárias. Visões do partido que não são consideradas estratégicas não precisam estar na plataforma de governo”, afirmou Capobianco, que também invocou a “cláusula de consciência” introduzida no programa do PV em agosto de 2009, quando a senadora se filiou ao partido. O objetivo da alteração foi permitir à futura candidata à Presidência divergir da sigla por razões religiosas.
PV perde essência
Editora de Poder do jornal Folha de S.Paulo, Vera Magalhães analisa as mudanças no Partido Verde:
“A guinada ‘careta’ do PV, dos ideais libertários da geração de Gabeira e Sirkis à influência das crenças religiosas de Marina Silva sobre o programa partidário, mostra um pragmatismo que destoa um pouco da utopia que a campanha presidencial da senadora tenta difundir. Já haviam sumido do estatuto do partido temas polêmicos como a defesa do aborto e da discriminalização das drogas. Agora, até uma ‘boutade’, como a bandeira do fim do serviço militar obrigatório, está sujeita ao revisionismo da era pós-Marina.”
Acesse essas matérias na íntegra:
Marina abandona ideias de campanhas anteriores do PV (Folha de S.Paulo – 29/07/2010)
Análise: Dos “sonhos delirantes” ao crivo de Marina, partido pode perder essência, por Vera Magalhães (Folha de S.Paulo – 29/07/2010)