O uso da questão do aborto como arma na guerra eleitoral tem distorcido o debate sobre esse importante tema, cuja criminalização afeta as vidas de milhões de mulheres -e de homens também-, causando inclusive mortes e danos irreversíveis a sua saúde física e mental.
A polêmica sobre a legalização do aborto criada durante a campanha eleitoral está fazendo com que temas relevantes para a vida das mulheres e da população em geral não sejam tratados pelos candidatos à Presidência.
Questões como inclusão no mercado de trabalho, igualdade de salário entre homens e mulheres que exercem a mesma função, capacitação profissional e creches, que são fundamentais para o cotidiano das mulheres, principalmente as mais pobres, não têm sido objeto das preocupações e das propostas dos candidatos.
Mesmo com a eleição de governadoras e senadoras e tendo duas mulheres em destaque na eleição presidencial no primeiro turno, a participação das mulheres na política continua bastante reduzida e também não tem sido debatida nas campanhas e na mídia.
Diariamente, a Agência Patrícia Galvão acompanhou a cobertura da imprensa e fez uma seleção das matérias publicadas sobre o tema nos principais jornais de veiculação nacional: [clique nos links abaixo]
O Globo
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“O número de menções ao termo aborto, a falta de elementos jornalísticos que justifiquem tantas matérias sobre o tema e o timing de concentração das menções, que coincidem com momentos críticos das eleições, demonstram que a grande imprensa exerceu um papel fundamental no agendamento do tema aborto, com intuitos eleitorais muito evidentes. A ação da mídia empobreceu e continua empobrecendo o debate eleitoral ao quase centralizar a disputa em um único tema. Perde o eleitor. Perde a opinião pública. Perde o país. Mas ganhamos nós, analistas da mídia, que podemos observar em tempo real e com grande riqueza de detalhes as peripécias que a nossa imprensa anda realizando.” Leia na íntegra: A manipulação do aborto, por Cristiano Aguiar Lopes (Observatório da Imprensa – 26/10/2010)