(Correio Braziliense, 14/04/2015) Uma instituição está angariando doações para distribuir o copinho de silicone, entre meninas, para que elas não faltem a escola quando estão menstruadas e, assim, poderem terminar os estudos sem perder aula
Nos últimos meses, o coletor menstrual se espalhou entre jovens dos centros urbanos como uma alternativa polêmica para os tradicionais absorventes. Para meninas vivendo em comunidades no interior da África, entretanto, o potinho de silicone vale a liberdade e autonomia.
No Quênia, por exemplo, o custo de um pacote de absorvente custa 75 KSH — aproximadamente 1 dólar. Pode parecer pouco, mas a renda diária de um trabalhador local é de 1,50 dólares. Por isso, muitas mulheres não podem comprar esse item básico de higiene. E acabam usando folhas, papel jornal, pedaços de pano e até lama. Obviamente esses métodos não são eficientes e também podem causar infecção.
Além de uma questão de saúde, o tratamento inadequado à menstruação prejudica a rotina no trabalho, escola e atividades diárias. O Instituto Global de Saúde da Universidade de Duke divulgou um estudo em que avalia que as estudantes do país perdiam uma média de 4,9 dias de aula por mês, por causa da menstruação. Isso significa 20% do ano escolar.
Por isso, o copinho está transformando a realidade local. O aparelho de baixo custo, dura dez anos e, consequentemente, não se tem um gasto mensal. Além disso, as meninas podem passar o dia com o aparelho e retirar apenas quando encontrar um ambiente adequado. Isso significa que elas não têm mais medo de vazamento e não sofrerem bullying dos colegas de classe.
A mudança de comportamento têm ajudado manter as alunas na sala de aula, permite que elas cresçam intelectualmente, aumenta a probabilidade de independência social e se de tornarem membros respeitados da sociedade. Por isso, a organização Femme Internacional está recolhendo doações para distribuir coletores mensturais para as meninas do Quênia.
A instituição cria, também, um ambiente seguro para as meninas perguntarem sobre questões femininas. Elas aprendem sobre anatomia, reprodução, higiene e menstruação. Para algumas estudantes, essa é a única oportunidade de conversar e conhecer sobre esses assuntos.
Os kit femininos são distribuidos após a participação no curso. São colocados a disposição tudo que as meninas precisam para lidar com a menstruação de uma maneira saudável e efetiva. O principal produto é um coletor menstrual feito de silicone, mas também são colocados uma pequena toalha, uma barra de sabão, um porta-sabonete, um espelho e um pote para lavar.
O programa alcança meninas no ensino médio e a parceria é feita com escolas locais e centros comunitários. O conhecimento de saúde e higiene e o acesso a produtos adequados permite essas mulheres a controlarem o período menstrual sem a dependência nos outros.
Acesse no site de origem: O coletor menstrual está mudando a história das estudantes na África (Correio Braziliense, 14/04/2015)