A consultoria de fertilidade está mais para estelionato, ao oferecer um exame como se ele pudesse apresentar uma informação que, na verdade, não oferece: a real fertilidade ou falta dela para mulheres saudáveis
(Halana Faria/Azmina) Se você tem mais de 30 anos e ainda não se deparou com uma propaganda ligada a sua vida reprodutiva, acredite, é só uma questão de tempo. Gravidez e filhos ficaram em segundo plano, na contemporaneidade, e transformaram-se em um lucrativo negócio, baseado no medo de uma suposta dificuldade de engravidar. Vende-se a ideia de que seria possível parar o relógio biológico e prever a reserva ovariana. Mas quanto disso corresponde à realidade, e a que custo?
O declínio da fertilidade com o avançar da idade é um fato, porém está longe de ser tão abrupto quanto as propagandas fazem parecer. O que sabemos é que enquanto uma pessoa com menos de 35 anos leva em geral seis meses para engravidar, alguém com mais de 35 pode levar até 1 ano e ter mais chance de abortos espontâneos e/ou de alterações genéticas.
Outra forma de dizer: entre 20 e 30 anos, uma em cada quatro vai engravidar naturalmente em um ciclo menstrual; já aos 40 anos esse número cai para uma em cada 10, conforme apontam estudos. Portanto, ao invés de serem desencorajadas sobre a possibilidade de uma gravidez mais tardia, talvez as pessoas precisem de orientação para uma expectativa mais realista.
O negócio da fertilidade usa discursos voltados para pessoas com útero a partir dos 30 anos, com uma linguagem moderna e LGBTQI friendly, apelando para ‘deusas e ciência’. As imagens do site e a página de Instagram de um desses serviços de “consultoria de fertilidade”, que tem nome de orixá, estão repletas de mulheres negras – ainda que elas sejam mais o rosto de quem vende óvulos para que outras mulheres construam suas famílias no sul global (nos países em que esse comércio é legal), do que de quem participa desse mercado de reprodução assistida. É algo caro e praticamente inacessível no SUS.
Acesse a matéria completa no site de origem.