(O Globo, 02/03/2016) Autoridades estudam casos suspeitos de transmissão sexual do vírus
A Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) e o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos recomendam o uso de camisinhas para evitar a contaminação pelo vírus zika. As entidades estudam mais de dez casos de pessoas, nos EUA e na Europa, que se infectaram em relações sexuais com parceiros que haviam viajado a regiões onde é grande a incidência do vírus, como o Brasil. No entanto, o governo brasileiro e especialistas afirmam que a medida “depende do caso”.
— Há recomendações da OMS e da OPS para uso de camisinhas como forma de evitar a doença. Mas respeitamos a recomendação de cada país — disse Marcos Espinal, diretor do Departamento de Enfermidades Transmissíveis da OPS, em entrevista após uma reunião com mais de 70 especialistas em zika em Washington.
Já Paulo Buss, representante da Fiocruz no evento, disse que “o Ministério da Saúde não recomenda o uso da camisinha” como forma de evitar a doença. Segundo ele, isso seria indicado “caso o parceiro de uma grávida apresentasse os sintomas clássicos do zika”. Buss lembrou, porém, que nem todo mundo apresenta os sintomas — o que tornaria o uso do preservativo ainda mais importante para a proteção da grávida e do seu filho:
— Mas a decisão de usar camisinha depende do casal.
Ele negou que o Brasil desrespeite as recomendações da OMS, acrescentando que o país segue todas as orientações.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que a transmissão sexual do zika precisa ser “avaliada com mais profundidade”. O órgão ressaltou a recomendação da utilização de preservativo em todas as relações para “prevenir doenças sexualmente transmissíveis”. “Para evitar as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti (…), é necessário evitar o acúmulo de água parada que possa servir como criadouro do mosquito. E a prevenção pode ser complementada com medidas de proteção individual, como o uso de repelente, roupas compridas, entre outras”.
Henrique Gomes Batista
Acesse o PDF: OMS e CDC recomendam uso de camisinha para evitar a doença (O Globo, 02/03/2016)