(Bom Dia Brasil, 24/09/2014) Um exame de DNA confirmou que o corpo encontrado carbonizado dentro de um carro é da jovem que morreu depois de um aborto em uma clínica clandestina no Rio de Janeiro. O Bom Dia Brasil mostrou esse caso e, infelizmente, ele não é uma exceção.
O caso de Jandyra Magdalena dos Santos Cruz é mais um alarme contra os riscos do aborto clandestino. O corpo dela, carbonizado, foi encontrado dentro de um carro em Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e identificado por um exame de DNA.
Jandyra, de 27 anos, estava desaparecida desde o dia 26 de agosto, quando passou por um aborto em uma clínica clandestina, na Zona Oeste do Rio.
Quatro pessoas já estão presas por envolvimento no caso e um falso médico está foragido.
Nesta terça-feira (23), foi enterrado em Niterói o corpo de Elizângela Barbosa, que morreu no domingo (21) por causa de um aborto mal feito em uma clínica ilegal.
A polícia suspeita que o procedimento foi feito em uma casa. Mas até agora ninguém foi preso.
Uma em cada cinco brasileiras de até 40 anos de idade já fez pelo menos um aborto ilegal. Essa realidade que aparece em uma pesquisa feita por professores da Universidade de Brasília. E o trabalho se tornou uma referência para a Organização Mundial da Saúde.
“Nós estamos falando de 7,4 milhões de mulheres. O mais alarmante da pesquisa nacional do aborto é certamente a magnitude da prática no Brasil”, afirma a pesquisadora da UnB Débora Diniz.
No Brasil, o aborto só é permitido em três casos: quando há risco para a vida da gestante; ou diagnóstico de anencefalia no feto; e se houve estupro.
Fora isso, o Código Penal prevê crime com punições para as mulheres e os responsáveis pelos procedimentos médicos.
“No caso do aborto a quantidade de crimes que acontecem e que sequer chegam ao conhecimento do Estado é enorme”, diz o Breno Melaragno professor de direito penal da PUC-Rio.
No ano passado, o Ministério da Saúde registrou apenas cerca de 1,5 mil casos de aborto legal. Mas os dados de internações do Datasus mostram a realização de quase 200 mil procedimentos pós-aborto em 2013 no Sistema Único de Saúde.
Já a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia calcula que são realizados por ano 700 mil abortos no país. E 30% das mulheres são atendidas em hospitais, devido a complicações.
“Se você tem 700 mil mulheres que colocam a vida e a saúde delas em risco por ano, isto, por si só, já torna o problema como um problema de saúde pública”, diz Tomaz Gallop, médico e professor de ginecologia.
O Ministério da Saúde disse que as mortes de mulheres em abortos caíram por causa da ampliação da rede de serviços à saúde da mulher. E que também oferece na rede pública métodos para evitar a gravidez.
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