(Adital, 20/11/2014) “Tenho 60 anos, em 2002, me descobri soropositiva, foi muito difícil aceitar, pois a descoberta foi através de uma filha que, na época, tinha três anos, foi de transmissão vertical, fiquei muito mal, não me conformava, achei que nós iríamos morrer. Em 2003, conheci um grupo de mulheres positivas, que me ajudaram muito”. Este depoimento é de J.M.C., uma das cerca de 730 mil pessoas que, em 2013, viviam com o vírus da Aids no Brasil, o que representa em torno de 2% do total mundial de infectados pelo HIV. “Em 1997, entrei no CRE Metropolitano para fazer um exame de HIV, com o pseudônimo de Borboleta. No dia do resultado, me chamaram em uma sala e me falaram com todas as letras ‘Você está com AIDS’. Sofri muito, perdi o chão, com dois filhos menores para criar sozinha, que me motivaram a continuar a vida, pois meu marido já havia falecido. Depois de cinco anos, conheci meu marido e ganhei mais uma filha de 13 anos, em uma ONG”, conta M.S.L., outra mulher que, atualmente, está nas estatísticas oficiais do Ministério da Saúde.
Com o objetivo de compartilhar experiências de vida parecidas com as de J.M.C. e M.S.L. e somar forças na luta por seus direitos e no combate ao vírus, começa nesta quinta-feira, 20 de novembro, no Rio de Janeiro, a 17ª edição do Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (Vivendo) que, desde 1991, é referência nacional na integração de pessoas, redes e no intercâmbio na temática do HIV/Aids no país. Até o próximo sábado, 22, a principal temática do Encontro são os 25 anos do Grupo Pela Vidda, do Rio, quando será realizada uma ampla reflexão e avaliação da conjuntura atual no enfrentamento da epidemia de HIV e Aids no Brasil.
A Programação foi estruturada a partir de sete eixos temáticos, com destaque para o viver com Aids e as novas diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV. Serão 31 atividades temáticas e interativas. A maioria proposta pelos participantes e colaboradores, como o Programa Nacional de Controle de Tuberculose (PNCT), o Laboratório de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o Centro de Referência da Diversidade e GPV-São Paulo, a Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids), a Superintendência de Promoção da Saúde e a Policlínica Antônio Ribeiro Neto da SMS-Rio, o Movimento Nacional de Cidadãs Positivas (MNCP+), a Rede Estadual de Adolescentes e Jovens Vivendo e Convivendo com HIV e Aids do Rio de Janeiro (REAJVCHA-RJ), os Fóruns de ONG/Aids do Rio de Janeiro, São Paulo e do Rio Grande do Sul, os Grupos Pela Vidda e outros parceiros.
Haverá ainda três exposições permanentes durante o Encontro, “25 Anos GPV-RJ e Celebração da VIDDA”, “Diversidade T – Respeito e Cidadania” e “Centro de Referência da Diversidade – uma experiência inovadora”. Atividades serão dinamizadas e apresentadas a partir de experiências e iniciativas individuais e coletivas denominadas “Histórias prepositHIVas”. Para terminar o 17º Vivendo, será realizado o 2º Babadão da DiversidAids, além de um Cabaré celebração e confraternização “onde sonhos, subjetividades e desejos celebrarão o ativismo e a perseverança de todos”, ressalta Marcio Villard, ativista, voluntário e coordenador do GPV-RJ
Os principais eixos, questões e dilemas cotidianos do VIVER com HIV e Aids que serão priorizados nas atividades do Encontro são: resposta local e global à epidemia de HIV e Aids – intercâmbio e cooperação técnica e social entre grupos, redes e PVHA; promoção e defesa de direitos das PVHA – compartilhamento de esforços e experiências; mobilização social e luta contra a Aids no Brasil – quem somos hoje?; controle social e dilemas das coinfecções e Aids – DST, Tuberculose e Hepatites Virais, como fortalecer redes e espaços políticos no enfretamento?; a atual política brasileira de enfrentamento do HIV e Aids – A Aids no SUS e a equidade na Saúde; novas tecnologias, medicalização e os dilemas da prevenção – avanços e incertezas; e novas diretrizes de assistência em Aids no Brasil – testar e tratar!?!
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