Um estudo publicado em novembro pela revista médica New England Journal of Medicine concluiu que o aborto medicamentoso pode ser realizado com segurança em gestações em estado muito inicial, após a confirmação da gravidez por meio de teste e, portanto, sem necessidade de esperar um ultrassom.
A pesquisa, assinada por 21 cientistas associados a instituições de sete países, concluiu que o uso de mifepristona e misoprostol, as chamadas “pílulas do aborto”, pode ser feito durante os primeiros 42 dias de gestação, antes da confirmação de gravidez intrauterina.
Hoje, o procedimento padrão é a realização de uma ultrassonografia para avaliar se a implantação do embrião está dentro do útero —quando ela acontece em outra parte do corpo, como nas tubas uterinas, é considerada “ectópica” e causa risco de vida.
O estudo teve participação de 1.504 mulheres em 26 locais de nove países. Elas foram separadas em dois grupos: o primeiro recebeu a medicação nos primeiros 42 dias da gravidez, e o segundo seguiu o procedimento padrão, de aguardar a realização do exame de imagem —feito normalmente entre a sexta e a sétima semana.
No grupo que recebeu a mifepristona e o misoprostol antecipadamente, o aborto completo aconteceu em 95,2% dos casos; entre as mulheres que esperaram para tomar os remédios, o aborto ocorreu em 95,3% dos casos. Além disso, as mulheres do grupo com acesso precoce reportaram menos sintomas de dor e sangramento.
A taxa de complicações ficou em 1,6% para as mulheres do primeiro grupo, e 0,7% para o segundo, ocorrendo em 12 e cinco casos, respectivamente.
Os cientistas concluíram que não há ganhos significativos na espera para uso da “pílula do aborto”. O uso precoce, portanto, pode ser feito com confirmação da gravidez por meio de um simples exame de sangue, por exemplo. Em mulheres não grávidas, os efeitos colaterais da medicação podem incluir cólicas.
Agora, os pesquisadores querem testar a eficácia de uma nova combinação de medicamentos para aborto em gestação ectópica.