Shelly Tien entra furtivamente na sala de espera vestindo jeans, camiseta e sapatilhas, como se fosse apenas mais uma paciente que chega à clínica naquela manhã para fazer um aborto.
Depois de passar pela porta que leva aos consultórios, a ginecologista obstetra veste um jaleco roxo e crocs para enfrentar as consultas com 40 pacientes previstas na agenda do dia.
Onze delas passarão por um aborto legal.
Especializada em medicina materno-fetal, Tien faz seus atendimentos em Jacksonville, uma cidade no norte da Flórida.
No ano passado, ela viajou para Estados como Alabama e Oklahoma para fornecer serviços de aborto a pacientes que vivem em locais que proíbem ou restringem severamente a interrupção da gravidez.
O mapa do acesso ao aborto mudou nos Estados Unidos a partir de junho do ano passado, quando a Suprema Corte eliminou a proteção nacional a esse direito e delegou aos governos estaduais o poder de protegê-lo ou proibi-lo.