O que se aproxima agora é mais uma batalha sobre a possibilidade de os hospitais públicos serem obrigados a oferecer o procedimento
(Estadão | 14/09/2021 | Por Natalie Kitroeff e Oscar Lopez, The New York Times, O Estado de S.Paulo)
CIDADE DO MÉXICO – Assim que a enfermeira soube que ela havia abortado em casa, Fernanda García percebeu que corria perigo. A enfermeira começou a gritar que ela era uma criminosa, que o que ela tinha feito era errado, que ela seria mandada para a prisão.
“Ela me disse que eles iriam me denunciar, que eu enfrentaria acusações criminais”, disse García, que foi ao hospital no mês passado depois de sentir dores e sangramento. “Nunca me senti tão assustada na vida”.
Quando García tentou ir embora, ela disse que a equipe médica se recusou a devolver seus pertences. Disse que pegou suas coisas e saiu correndo, mas que ainda treme toda vez que a campainha toca, convencida de que a polícia está chegando para prendê-la. Ela diz que pensou em se matar muitas vezes desde então.
Agora, a Suprema Corte do México decidiu que aborto não é crime, estabelecendo um precedente nacional que coloca o país no caminho de se tornar a nação mais populosa da América Latina a permitir o procedimento. Nos últimos anos, milhares de pessoas enfrentaram investigações criminais por interromper a gravidez, e a decisão unânime do tribunal na semana passada deve permitir que todas as acusações sejam retiradas, disseram especialistas jurídicos.