As ministras de Estado que participaram do 3º Fórum de Mulheres do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) discutiram a condição feminina em seus países. No centro dos debates: a violência e o impacto da crise econômica sobre a vida das mulheres.
“Grande parte das mulheres na Índia está no sistema informal e não tem garantia de estabilidade no emprego. Por isso, elas sofreram diretamente a crise”, afirmou Krishina Tirath, ministra indiana de Desenvolvimento da Mulher e da Criança.
Krishina disse que a crise econômica também é motivadora da violência contra as mulheres. “A violência é intensificada em época de crise econômica. Os homens não se sentem provedores de suas famílias e agridem as mulheres. O Fórum é mais um passo para ajudar a transformar a vida dessas mulheres e contribuir para o crescimento de nossos países”, afirmou.
Nilcéa Freire, a ministra de Políticas para as Mulheres do Brasil, declarou que ainda há muitos desafios para promover a igualdade de gênero no país. “Precisamos assegurar que os avanços das últimas três décadas sejam estendidos a todas as mulheres, independentemente de classe econômica ou raça.” A ministra ressaltou também que no Brasil há um grande desequilíbrio regional e racial, além de uma enorme desigualdade salarial entre homens e mulheres. “No Brasil, a mulher recebe em média 70% da remuneração dos homens e, dependendo da etnia, o valor pode ser até 30% inferior.”
A ministra brasileira também apontou a necessidade de se redefinirem os papéis atribuídos ao homem e à mulher. “A mulher reproduz, cuida das crianças, dos idosos, mas esse trabalho é invisível, não é considerado riqueza econômica e não é compartilhado pelos homens”, lamentou.
Mayende-Sibiya, ministra da Mulher, da Criança e das Pessoas com Deficiência da África do Sul, ressaltou a importância do evento, que analisa temas de interesses dos três países e declarou que considera que os resultados dos debates já são perceptíveis. “O fórum mostra a relação de parceria entre os governos e a sociedade civil. Criamos um ministério para as mulheres em nosso país, fruto das discussões estabelecidas em fóruns anteriores”, afirmou a ministra.
Sobre o efeitos da crise econômica na vida das mulheres, a ministra sul-africana afirmou que também houve reflexos positivos: “A recessão econômica e a crise financeira nos ajudaram na conscientização da importância do fórum. Entretanto recomendamos que sejam finalizados os indicadores de gênero. A maior parte dos indicadores do Ibas é relativa aos homens”, alertou ela.
Segundo reportagem publicada pelo Correio Braziliense, as delegações participantes do 3º Fórum de Mulheres do Ibas divulgarão um documento conjunto contendo recomendações sobre medidas para reverter as consequências negativas da crise financeira mundial para as mulheres na Índia, no Brasil e na África do Sul, que será encaminhado aos governantes dos três países.
Acesse a notícia na íntegra em pdf: Ministras do Ibas discutem impactos da crise econômica na vida da mulher (Correio Braziliense – 14/04/2010)