(O Globo, 16/08/2016) O secretário-geral Ban Ki-moon está torcendo para que uma mulher ocupe o seu lugar à frente da Organização das Nações Unidas (ONU) a partir do ano que vem, após o término de seu segundo mandato de cinco anos, no dia 31 de dezembro. Caso isso aconteça, será a primeira vez que uma mulher irá comandar a organização desde que ela foi fundada, há pouco mais de sete décadas.
— Nós temos muitas líderes ilustres e eminentes em governos nacionais e outras organizações, em comunidades econômicas, políticas e culturais e em todos os aspectos das nossas vidas — disse Ban Ki-moon, em entrevista à Associated Press. — Não há razões para não ser nas Nações Unidas.
Em visita à Los Angeles, onde se encontrou com o congressista republicano Ed Royce, que preside o comitê de Relações Internacionais da Casa, Ban Ki-moon destacou que as mulheres representam metade da população do mundo e devem ser empoderadas, receberem “oportunidades iguais”. De acordo com o secretário-geral, “está na hora” de uma mulher ocupar o posto, após oito homens no comando.
Atualmente, existem 11 candidatos à sucessão de Ban Ki-moon, sendo seis homens e cinco mulheres. Apesar de ter suas preferências, o secretário-geral ressaltou que a decisão não cabe a ele, mas aos 15 membros do Conselho de Segurança, que devem recomendar um candidato para aprovação pelos 193 membros em Assembleia Geral.
Sem citar nomes, Ban Ki-moon afirmou que existem “muitas mulheres líderes distintas e motivadas que podem realmente mudar este mundo, que podem se envovler ativamente com outros líderes do mundo”.
— Então, esta é a minha humilde sugestão, mas a decisão é dos Estados membros — disse Ban Ki-moon.
Por tradição, o cargo segue um rodízio entre as regiões do mundo. Representantes da Ásia, África, América Latina e Europa Ocidental já ocuparam o mais alto posto da diplomacia mundial. Países do Leste Europeu, incluindo a Rússia, argumentam que nunca tiveram um secretário-geral, e que agora seria a vez deles.
Existe um grupo de 56 países fazendo campanha para a eleição de uma mulher ao cargo, mas em duas pesquisas informais realizadas pelo Conselho de Segurança, o ex-primeiro-ministro de Portugal, Antônio Guterres, foi o preferido. A mulher que alcançou mais citações ocupou apenas o terceiro lugar na lista.
Independente de ser homem ou mulher, Ban Ki-moon espera que seu sucessor ou sucessora tenha algumas características, como uma “forte liderança compassiva e visionária”, que seja capaz de articular a importância da dignidade humana para grupos vulneráveis, incluindo mulheres, crianças, pessoas com deficiência, homossexuais e outras minorias.
— Se não forem as Nações Unidas, quem vai cuidar dessas pessoas? — questionou Ban Ki-moon.
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