O Instituto Patrícia Galvão lamenta informar o falecimento de Raimunda Gomes da Silva, mais conhecida como Dona Raimunda Quebradeira de Coco, ocorrido ontem (7) no Tocantins. Dona Raimundo foi uma liderança rural das mais destacadas no enfrentamento das injustiças sociais e de todas as formas de violência.
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Corpo de Raimunda Quebradeira de Coco é velado em povoado do Tocantins (G1/TO, 08/11/2018)
O corpo da líder comunitária Raimunda Gomes da Silva, conhecida como Raimunda Quebradeira de Coco, está sendo velado na casa onde morava, no povoado Sete Barracas, a cerca de oito quilômetros do município de São Miguel do Tocantins, norte do estado. Ela lutava contra diabetes e já tinha perdido a visão por causa da doença. Faleceu na própria residência, na noite desta quarta-feira (7).
O enterro deve ser realizado às 17h desta quinta-feira, no município. A líder comunitária ficou conhecida por lutar pela valorização das quebradeiras de coco no norte do Tocantins desde os anos 80.
A prefeitura de São Miguel do Tocantins decretou luto oficial de três dias e ponto facultativo nesta quinta-feira (7). Segundo o secretário de cultura de São Miguel, Orlando Martins, a ex-quebradeira de coco chegou a ficar internada na UTI de um hospital em Imperatriz. Ela recebeu alta há algumas semanas e pediu para retornar para casa.
Raimunda foi uma das fundadoras do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que atua nos estados do Pará, Tocantins, Maranhão e Piauí. Ela rompeu as fronteiras do Brasil. Foi à China, aos Estados Unidos, à França e ao Canadá.
A líder comunitária também chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz e recebeu homenagens da Assembleia Legislativa do Tocantins e do Senado Federal. Em 2009, recebeu o título de doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Tocantins (UFT).
O governador Mauro Carlesse (PHS) enviou nota lamentando a morte da líder comunitária. “O Estado do Tocantins perde uma de suas maiores líderes. Dona Raimunda construiu uma extensa folha de serviços ao nosso Estado e ao Brasil, por desenvolver um importante serviço comunitário e também como trabalhadora rural e ativista de destaque nacional, que por sua atuação recebeu, entre outros, o prêmio Bertha Luz, concedido pelo Senado Federal”, diz trecho da nota.
A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, também lamentou. “Defensora incansável dos direitos das mulheres quebradeiras de coco do Bico do Papagaio, D. Raimunda utilizou-se do seu reconhecimento político para dar voz e valor às causas dos extrativistas da Amazônia. Sua dedicação a um mundo mais justo e igualitário será referência para as gerações futuras. Sua simplicidade e dedicação ao próximo é um exemplo que nos inspira”.