(O Globo, 13/10/2015) Edição americana da revista vai parar de publicar fotos de mulheres peladas
A notícia de que a “Playboy” americana vai parar de publicar imagens de mulheres nuas correu o mundo. De acordo com o “New York Times”, a revista fundada em 1953 vai adotar essa medida a partir de março de 2016, junto com uma reformulação editorial. Mas ainda não há previsão para o mesmo acontecer na edição brasileira, afirma o diretor de redação da “Playboy” no país, Sérgio Xavier.
Os executivos da revista americana avaliam que, como a nudez se tornou banal na internet, revistas eróticas perderam a viabilidade econômica. A decisão teria recebido o aval do fundador da “Playboy” e atual editor-chefe, Hugh Hefner, de 89 anos.
Xavier concorda que a nudez precisa ser repensada, mas ele garante que não há nenhuma decisão nesse sentido por aqui. Segundo o jornalista, a “Playboy” tem por tradição respeitar a autonomia das editoras que publicam as edições locais da revistas em diversos países.
– Precisaremos pensar no “como fazer a transição”. Teremos muito o que pensar e debater, posso te garantir que agora não há nada decidido – disse ele, mencionando que esse novo formato não seria necessariamente uma novidade no Brasil. – Lembra que nos anos 1970 não tinha nu frontal nem dois seios ao mesmo tempo nas fotos da ‘Playboy’ Brasil? Coisas da censura… Acho, pessoalmente, a decisão do Hefner faz todo sentido, estamos gradativamente perdendo com o nu.
A revista americana, de acordo com a reportagem do “Times”, ainda contará com fotos de mulheres em poses provocantes. Mas elas não estarão totalmente peladas. Um dos principais fatores por trás da mudança seriam a queda nas vendas em função da disponibilidade gratuita de conteúdo erótico na internet.
Xavier não sabe como acontecerá a mudança nos Estados Unidos. De acordo com ele, ainda não foi emitido qualquer comunicado entre os parceiros.
– Mais do que uma “revista de nu”, é uma publicação que discute o comportamento masculino. Fala de moda, bebidas, viagens e tem nas entrevistas longas e profundas uma marca importante. A ‘Playboy’, nos Estados Unidos e no Brasil, sempre discutiu direitos civis, racismo, liberdade. Isso não mudou nem mudará. A questão do nu, porém, precisa ser melhor pensada.
Acesse o PDF: Fim de nudez na ‘Playboy’ ainda é incerto no Brasil (O Globo, 13/10/2015)