Justiça francesa cede à lesbofobia e retira de circulação filme ‘Azul é a cor mais quente’

10 de dezembro, 2015

(Opera Mundi, 10/12/2015) Tribunal disse que cenas de sexo entre mulheres podem ‘ferir a sensibilidade do público jovem’; diretor Abdellatif Kechiche se mostrou favorável à decisão

O Tribunal Administrativo de Paris retirou de circulação nesta quarta-feira (09/12) o filme “Azul é a cor mais quente”, do diretor tunisiano Abdellatif Kechiche, após a associação Promouvoir, de orientação ultracatólica, entrar na Justiça no ano passado. A organização criticava a então indicação oficial da produção, que pode ser vista por pessoas a partir de 12 anos.

O tribunal afirmou que as “sequências de sexo entre duas mulheres jovens apresentadas de maneira realista” podem “ferir a sensibilidade do público jovem”. Segundo a decisão, o filme está suspenso na França enquanto a classificação não for elevada.

Cenas de sexo entre mulheres do filme vencedor da Palma de Ouro podem “ferir a sensibilidade do público jovem”, diz o tribunal (Foto: Divulgação)

De acordo com o tribunal, a classificação de 12 anos foi resultado de um “erro de apreciação” do Ministério da Cultura e a ministra da pasta, Fleur Pellerin, deve conceder uma classificação mais elevada à película nos próximos dois meses. O Ministério da Cultura anunciou que irá apresentar um recurso ao Conselho de Estado, última instância da jurisdição administrativa da França.

O filme estreou nos cinemas franceses em 2013, mesmo ano em que foi o vencedor da Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes. A história narra a relação de amor entre duas jovens, Emma e Adèle (interpretadas pelas atrizes Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos, respectivamente), e mostra cenas explícitas de sexo entre elas.

“Isso está começando a parecer uma piada”, disse Brahim Chioua, um dos diretores da distribuidora do filme, em referência à decisão da Justiça francesa. A organização que entrou na Justiça já havia feito o mesmo com outros filmes que exibem cenas explícitas de violência e sexo, como “Baise-moi”, das diretoras francesas Virginie Despentes e Coralie Trinh Thi, e “Ken Park”, de Larry Clark e Ed Lachman.

O diretor Abdellatif Kechiche não se manifestou contrário à Justiça, cuja decisão foi classificada como “um tanto saudável” por ele. “Jamais pensei que meu filme poderia ser visto por garotos de 12 anos e desaconselho pessoalmente que a minha filha veja antes de ela ter 14 ou 15 anos”, disse hoje o diretor ao jornal francês Le Monde.

“Meus filmes tratam da adolescência, mas se dirigem principalmente àqueles que têm uma nostalgia da adolescência. Há mais interesse para os adultos do que para os adolescentes, que ainda não viveram a dor de uma ruptura. Antes de tudo, [“Azul é a cor mais quente”]azule é um filme sobre ruptura”, argumentou Kechiche.

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