No encontro, ONU Mulheres apresentou o Pacto de Mídia “Dê um passo pela igualdade de gênero”, para empoderamento das mulheres em postos de liderança e tomada de decisão e produção de conteúdos colaborativos com empresas de comunicação, e consulta sobre Ferramenta de Análise das Lacunas de Gênero para Notícias e Meios de Comunicação
(ONU Mulheres, 06/11/2017 – acesse no site de origem)
Leia aqui a Declaração de Buenos Aires – Por um Planeta Igualitário em 2030
Compromisso dos Meios de Comunicação em defesa e promoção dos direitos das mulheres na América Latina e Caribe
Aumentar o número de mulheres nos meios de comunicação, ocupando funções de liderança e de tomada de decisão, e eliminar estereótipos e preconceitos em suas divulgações de informações continuam a ser rota estratégica para um mundo com igualdade de gênero. Os temas foram destacados por José Luis Saca, presidente da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), na abertura de reunião com sócios e sócias da entidade com a ONU Mulheres, ocorrida em 31 de outubro, em Buenos Aires, na Argentina. O encontro reuniu entidades representantivas do setor de radiodifusão e grupos de comunicação da Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Uruguai e Venezuela.
Na abertura da reunião, o presidente da AIR frisou que é preciso “promover, em todas as partes, o avanço das mulheres para fortalecer seus diferentes papeis na sociedade. Em diversos encontros, gestão e produção de conteúdos, como a 4ª Conferência de Pequim, a AIR tem acompanhado essas discussões. Pequim enfatizou a importância de usar o sistema de comunicação para fortalecer a participação das mulheres nos processos democráticos, incluindo a imagem equilibrada e diferenciada nas esferas de produção e decisão”, disse.
A 4ª Conferência Mundial da Mulher também foi citada por Luiza Carvalho, diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe. “Para a ONU Mulheres, o tema gênero e meios de comunicação é uma discussão necessária e urgente. E também uma dívida pendente de mais de 20 anos com as mulheres e meninas em todo o mundo. A Declaração e Plataforma de Ação de Pequim continuam a ser o consenso global mais progressita para fazer realidade os direitos humanos das mulheres. Entretanto, nas revisões, entre elas Pequim+20, a sociedade civil latino-americana e caribenha apontou que a esfera mulheres e mídia é a que apresenta maior número de ‘tarefas pendentes’”, declarou.
Agenda 2030 – A diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe apresentou aos sócios e às sócias da AIR os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030, ressaltando que a “comunidade internacional reconheceu também o empoderamento das mulheres como condição sine qua non para o desenvolvimento e a paz ao incluir um objetivo específico de caráter transformador relacionado com a igualdade de gênero (ODS 5) e incluindo metas importantes vinculadas à igualdade de gênero nos outros 16 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.
Luiza Carvalho assinalou que a “ONU Mulheres propôs fixar uma data de vencimento da desigualdade de gênero. Nossa visão para o ano 2030 é um Planeta 50-50, em que mulheres e homens desfrutem por igual dos seus direitos, contribuam com o desenvolvimento sustentável e se beneficiem dele. Trata-se de um mundo livre de estereótipos e de violência contra as mulheres e meninas”.
Um dos temas em discussão na reunião foi o empoderamento das mulheres. Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil, comentou que o “empoderamento das mulheres parte sobre como fechar as lacunas. É o que se necessita em termos de educação, espaços, de consciência entre homens e mulheres para que chegamos a esse planeta de igualdade. Essas ações que se necessitam para que as mulheres, que ganhamos menos, que sofremos mais violência e que temos menos oportunidades, estejamos no mesmo nível para entrar na sociedade de méritos e de igualdades. São as ações como cotas, educação, comunicação, para que tenhamos igualdades. São ações para que as mulheres estejam nos mesmo lugares, reconhecendo a diversidade das mulheres”.
Para Paulo Tonet, presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert), “quando falamos de igualdade de gênero, reconhecemos que as mulheres não têm igualdade. São necessárias políticas de empoderamento para chegar a um ponto de igualdade. O tema empoderar as mulheres é porque para que elas cheguem ao ponto de igualdade, elas precisam de empoderamento, o que hoje elas não têm”.
Pacto de Mídia – Sharon Grobeisen, oficial de Comunicação na sede da ONU Mulheres, em Nova Iorque, apresentou o Pacto de Mídia “Dê um passo pela igualdade de gênero” como agenda de trabalho da entidade como desdobramento do processo de revisão de Pequim+20, em 2015. “No final, mais de 30 grupos de mídia estavam envolvidos com o pacto de colaboração de conteúdos editoriais não somente sobre a ONU Mulheres, mas pelo tema sobre direitos das mulheres. Com a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, nos pareceu boa ideia converter essa energia para a continuidade do pacto. Hoje, são mais de 60 grupos de mídia envolvidos no mundo”, contou na reunião.
Lançado em 2016 e vinculado à iniciativa global da ONU Mulheres “Por um planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero”, o Pacto de Mídia tem como objetivos: incentivar o empoderamento das mulheres em postos de liderança e tomada de decisão nos meios de comunicação e desenvolver conteúdos colaborativos com empresas de comunicação.
Sharon solicitou o apoio da AIR, das entidades filiadas e dos grupos de comunicação para que avaliem a Ferramenta de Análise das Lacunas de Gênero para Notícias e Meios de Comunicação. Após a fase de consulta, a ferramenta será ajustada para a sua implementação a partir da realidade concreta dos meios de comunicação. “Este instrumento parte de uma ferramenta empresarial, as perguntas vão dirigidas à cadeia de produtiva até a tomada de decisão. O questionário pretende captar a liderança, lugar de trabalho, mercado, comunidade e conteúdo noticioso. Neste momento, estamos pedindo apoio para avaliar se essa ferramenta é útil para todos os meios de todas as regiões do mundo. Uma ferramenta que pretende verificar a situação de comunicação de rádio comunitária até grandes meios de comunicação”.
Mulheres na mídia – Conforme o relatório Tendências mundiais em liberdade de expressão e desenvolvimento dos meios de comunicação, da Unesco, num ranking de 59 países e 522 organizações de imprensa, as mulheres representam somente 35% do total da força de trabalho. Em postos de direção e governança, essa cifra cai para 27%. Em 27 países membros da União Europeia, as mulheres ocupam apenas 27% dos cargos de decisão. No setor privado, elas são somente 12%. Em termos de representação nas notícias, as mulheres são somente 24% das pessoas que se informação na imprensa, rádio e TV e somente 23% das pessoas que se informam pela internet”.