(Meio & Mensagem/Fundação Perseu Abramo) Corpo, mídia e sexualidade. Este é um dos temas da pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, realizada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, por meio de seu Núcleo de Opinião Pública, e em parceria com o SESC, mostra como a mulher se sente em relação ao próprio corpo.
Se os homens em geral apreciam ver rostos e corpos de belas mulheres na publicidade e em programas de TV, para as mulheres essa representação, além de pouco atraentre, contribui para uma desvalorização da classe feminina.
Para Gustavo Venturi, professor do departamento de sociologia da Universidade de São Paulo e um dos coordenadores da pesquisa, a opinião das entrevistadas “mostra um amadurecimento da reflexão sobre a imagem da mulher. O percentual de desaprovação já era alto em 2001 e agora, cresceu mais. Isso mostra que elas estão conscientes de que a mídia, muitas vezes, impõe padrões que não são reais e que não representam a figura feminina”.
Outro dado interessante revelado pela pesquisa é que a grande maioria das mulheres (74%) é a favor de algum tipo de controle (governamental ou do próprio mercado) sobre o teor do conteúdo exibido pela publicidade e pela mídia. “Esse índice nos causou bastante surpresa porque é comum a sociedade reagir de maneira negativa a qualquer possível ideia de controle ou censura”, comenta o pesquisador.
Confira alguns números da pesquisa:
Quatro em cada cinco (80% hoje, 77% em 2001) acham ruim que “na televisão sempre tem programas com mulheres dançando com roupas curtas, mostrando bastante o corpo”, sobretudo por avaliar que isso “dá muita atenção só para o corpo e desvaloriza todas as mulheres” (51%, contra 56% antes).
Três em cada quatro brasileiras (74%) são favoráveis a “um maior controle da programação e da publicidade na TV”, dividindo-se entre as que acreditam que isso deve ser feito por autorregulamentação das TVs e agências de publicidade” (38%), as favoráveis a uma “maior fiscalização ou censura por parte do governo” (37%), e ainda as que prefeririam o controle “por um órgão ou conselho com pessoas da sociedade” (20%).
A maioria das mulheres (64% hoje, 59% em 2001) avalia que de um modo geral elas próprias “saem perdendo” por ser comum no Brasil usarem “roupas que marcam o corpo, como calças justas, saias curtas e blusas decotadas”. Apenas 9% acreditam que as mulheres “saem ganhando” com isso (18% em 2001).
Apenas 50% das mulheres hoje (54% em 2001) declaram-se totalmente satisfeitas “com sua aparência física” em comparação a 70% dos homens;
Entre a quase metade das mulheres (47%) que não está plenamente satisfeita com sua aparência, declaram-se espontaneamente descontentes com a barriga 15%, acima do peso 14% e com os seis 7%.
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Leia também: Desaprovação no retrato da mulher (Meio & Mensagem – 28/02/2011)
Outras informações: Pesquisa Mulheres brasileiras nos espaços público e privado 2010