Mulher e Mídia 8 – Mesa 2: Regulação democrática, direito à igualdade e respeito à diversidade de gênero e raça

30 de novembro, 2011

logomm8_130(Agência Patrícia Galvão) Racismo e sexismo na mídia: uma questão ainda em pauta
Rio de Janeiro, 29 de novembro a 1º de dezembro de 2011

30 de novembro – A Mulher e a Mídia 8 promove debate mais técnico, mas não menos instigante

Mesa 2: Regulação democrática, direito à igualdade e respeito à diversidade de gênero e raça
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Bia Barbosa (jornalista, integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social)
Sérgio Suiama (procurador de Justiça do Ministério Público Federal)
Alexander Patez Galvão (coordenador do Núcleo de Assuntos Regulatórios na Ancine)
Debatedora: Juliana Cézar Nunes (jornalista, Rádioagência Nacional/EBC)
mesa2_angelica300Coordenadora: Angélica Basthi (jornalista e escritora, membro da Cojira/RJ)

Reportagem de Beth Brusco
Fotos de Fabiana Karine

“Regulação democrática, direito à igualdade e respeito à diversidade de gênero e raça” foi o assunto debatido no segundo dia do Seminário A Mulher e a Mídia 8, cujo tema central é Racismo e Sexismo na Mídia: uma questão ainda em pauta”.

mesa2_bia300A primeira palestrante, a jornalista Bia Barbosa, integrante do Intervozes e da Rede Mulher e Mídia, mostrou a necessidade de avançar sobre a questão da regulação da mídia para a garantia da diversidade étnico-racial e de gênero e apontou alguns caminhos a percorrer para se chegar a isso.

Bia Barbosa falou também das experiências de outros países com leis e órgãos reguladores específicos para tratar essa questão. “Nessa defesa de regular os veículos de comunicação, é importante a gente pensar quais são os objetivos dessa regulação.”

mesa2_sergio300Com o objetivo de traduzir os problemas do Judiciário no que diz respeito ao sexismo e à violência contra a mulher, Sérgio Suiama, procurador de Justiça do Ministério Público Federal, citou seis casos que ganharam espaço na mídia: o do funk “Um tapinha não dói”; o quadro “Traição” do programa do apresentador João Kleber na RedeTV!; a declaração do humorista Rafinha Bastos sobre a cantora Vanessa Camargo, no programa CQC, da Band; o quadro “Metrô Brasil” do programa Zorra Total, da TV Globo; o desfile de lingerie do programa da Luciana Gimenez, da RedeTV!; e, por último, as propagandas de cerveja. Em todas essas citações, a mulher é vista como vítima, ou de violência física ou assédio sexual/moral, ou ainda como objeto de desejo. “O discurso neonazista incita o ódio. Diretamente prega a discriminação. Mas nós estamos falando de algo mais sutil”, assim Sérgio definiu o preconceito enfrentado nas situações que ele apresentou.

mesa2_alexandre300O terceiro expositor foi Alexandre Patez Galvão, coordenador do Núcleo de Assuntos Regulatórios na Ancine, que mostrou o panorama geral dos meios de comunicação social, incluindo a eletrônica, e o estado de regulação do mercado de mídia. Nessa apresentação, Galvão falou do monopólio sobre os poucos veículos de comunicação no País, a respeito de como cobrar certos direitos nessa área, porque os detentores do mercado de comunicação são os mesmos desde a década de 70, sobre a questão da identificação de responsabilidades por parte dos veículos, passando também pela legislação da TV por assinatura e o custo dela no Brasil.

Alexandre entende que, no Brasil, é difícil responsabilizar um veículo. “Os meios de comunicação social são, em essência, serviços que agregam conteúdos e disponibilizam esses conteúdos ao público. Então, alguém organiza isso e tem responsabilidade editorial por essa organização. Isso no Brasil é muito difuso.” Galvão esclareceu que essa falta de clareza em relação à responsabilidade pelo conteúdo permeia a TV e demais meios convencionais de comunicação, mas fica ainda mais nebulosa quando se trata dos novos meios de comunicação.

mesa2_juliana300Fechando esse painel, a debatedora, a jornalista Juliana Cézar Nunes, da EBC, considerou todos os temas muito relevantes e fez a seguinte observação: “É fundamental que a gente tente destrinchar ao máximo o que está sendo colocado aqui, até para que, na nossa prática cotidiana, nossa militância local, no nosso trabalho, seja na sociedade civil, seja no governo, nas entidades públicas, a gente possa transformar o que está aqui em ação, em ação transformadora.”

Juliana seguiu fazendo observações sobre cada palestra. Disse que Bia Barbosa, ao apresentar um panorama internacional, mostra que o que está sendo discutido no Seminário não são coisas que inventamos aqui, mas leis internacionais e convenções.

Sobre a fala de Sérgio Suiama, acerca de programas altamente discriminatórios, Juliana Nunes levantou uma reflexão sobre a importância da sociedade e do Ministério Público se unirem mais para enfrentar essa questão. “Então, como sair dessa dicotomia liberdade de expressão e igualdade e levar esse debate para outro patamar?”, questionou Juliana.

E, por último, Alex Galvão trouxe uma discussão muito importante sobre a responsabilização editorial. “Acho que, hoje, a gente se foca muitas vezes no apresentador do jornal, no repórter, sem nem saber quem é o diretor de jornalismo, que é o responsável editorial.”

Por fim, a jornalista da EBC lançou uma provocação: “Como criar o ambiente para que o Estado tenha esse patamar de diálogo com a área de comunicação?”


A 8ª edição do Seminário Nacional A Mulher e a Mídia é uma realização do Instituto Patrícia Galvão, das secretarias de Políticas para as Mulheres (SPM) e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), da Fundação Ford e ONU Mulheres, e conta com o apoio do BNDES.

Saiba mais sobre as apresentações e debates acessando os links para a cobertura das mesas

29/11 – Mesa de Abertura: Racismo e sexismo na mídia: uma questão ainda em pauta

30/11 – Mesa 1: Há uma cultura de negação do racismo e do sexismo na imprensa?

30/11 – Mesa 2: Regulação democrática, direito à igualdade e respeito à diversidade de gênero e raça

1º/12 – Mesa 3: Raça e gênero na publicidade: onde estão os limites éticos?

1º/12 – Mesa 4: Racismo: a imprensa nega, a TV prega?

Cento e quarenta participantes de 25 estados foram selecionadas, por critérios previamente definidos e amplamente divulgados, dentre as mais de quinhentas inscrições. São representantes dos movimentos de mulheres e de mulheres negras, e ainda jornalistas, gestoras de programas, pesquisadores, estudantes, dentre tantos outros representantes de instituições organizadas que foram ao Rio de Janeiro participar desse debate.

Realização: Instituto Patrícia Galvão – Mídia e Direitos, Secretaria de Políticas para as Mulheres, Secretaria de Promoção de Políticas da Igualdade Racial, Fundação Ford e ONU Mulheres
Apoio: BNDES

Mais informações: [email protected]. – (11) 2594.7399

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