19 de janeiro de 1982. Essa data é um marco na trajetória do Viva Maria. Isso porque foi a partir dessa data que a vinheta de abertura do nosso programa que, até então, tinha na voz de Milton Nascimento sua grande expressão, passa a ser feita na voz da maior cantora do Brasil: Elis Regina!
(Radioagência Nacional, 19/01/2018 – acesse no site de origem)
Desde então, há 36 anos, Viva Maria faz questão de ouvi-la, diariamente, a cada edição!
Viva Elis Regina, que, por sinal, sobreviveu a duas mortes, a que lhe tirou a vida e a morte moral, promovida por uma imprensa machista, preconceituosa, hipócrita e sensacionalista. A mesma que até hoje insiste em explorar a imagem da mulher como um objeto!
No Guia Mídia e Direitos Humanos, elaborado pelo Coletivo Intervozes, esse desvio de conduta ética é denunciado porque é essa imprensa machista que age de má-fé toda vez que desvia o foco do assunto principal da pauta, para colocar luz sobre os atributos físicos ou sobre a roupa da mulher, enfim, num claro desrespeito ao princípio da autonomia da mulher sobre seu corpo, reduzindo, assim, seu papel social e contribuindo de forma perversa para a chamada violência simbólica.
Como disse Henfil na carta que escreveu a Elis: “ Nós homens te vestimos de azul, vermelho, branco, roxo, amarelo, preto e cortamos teu cabelo curtim feito Joana d’Arc. E você só queria namorar nós homens. Mas nós homens não conseguimos namorar uma mulher livre. Perplexos, quarentões e médicos-legistas! Podem suspender as diligências. Tá na caixa-preta: fomos nós, homens.
E o relatório apresentado ontem (18), pela organização não governamental Human Rights Watch (HRW) não deixa dúvidas. Tanto assim que a entidade pediu que as autoridades brasileiras tomem medidas para conter a violência que se abate sobre toda a nossa sociedade. Mas, em especial, que tire do papel a Lei Maria da Penha!
Carmen Hein de Campos – advogada, professora de direito, consultora e pesquisadora -, que foi consultora da ONU Mulheres e da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR) para a implementação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), pode melhor qualificar o porquê desse apelo justo sobre uma lei que já tem 11 anos de vida e que é considerada uma das três melhores do mundo! Seria uma crítica, doutora Carmen?