13/02/2011 – Homossexuais sem-teto andam juntos para se proteger (Folha)

13 de fevereiro, 2011

(Folha de S.Paulo) O repórter Vinícius Queiroz Galvão assina matéria sobre as estratégias de sobrevivência dos moradores de rua homossexuais em São Paulo diante do crescimento das agressões a moradores de rua e gays na avenida Paulista nos últimos meses.

Triplamente expostos

“Por serem pedintes, por serem homossexuais e por estarem naquela região, os quatro se dizem triplamente expostos. Dizem já ter sido espancados pela polícia, por skinheads e até por outros moradores de rua.”

Histórico de rejeição familiar

“Todos esses mendigos gays têm em comum histórias de rejeição da família, de dependência de álcool e drogas, de prostituição e de abuso sexual na infância.”

Quanto maior a identidade transgênica, maior é a violência

“A situação chegou aos bancos acadêmicos e virou tema de pesquisas de pós-graduação na USP e em outras universidades paulistas.

´Quanto maior a identidade transgênica, maior é a violência. Agregam estigmas que agravam a exclusão social´, diz a psicóloga Fernanda Maria Munhoz Salgado, que faz mestrado na PUC sobre mendigos homossexuais.”


Análise de Marcos Roberti Vieira Garcia, doutor em Psicologia Social pela USP, professor da UFSCar e coordenador de pesquisa científica sobre moradores de rua gays

Rua é ainda mais inóspita para esse público

Além da violência nas calçadas, acolhida é dificultada por limites de caráter religioso da maioria dos albergues

“O crescimento do número de pessoas LGBT em situação de rua nas grandes cidades brasileiras é claramente percebido por quem trabalha com este segmento.
E não é um fenômeno exclusivamente nacional, pois pesquisas com jovens em situação de rua em grandes cidades americanas mostram que cerca de 20% deles se identificam como LGBT e outras, feitas no Reino Unido e na Austrália, apontam o mesmo crescimento.”

Homofobia na família e na comunidade

“As explicações “estrangeiras” para este crescimento são compatíveis com as observadas recentemente em pesquisa com este segmento.

Uma das principais refere-se à homofobia no contexto familiar e comunitário, especialmente aquela direcionada aos jovens efeminados e às jovens masculinizadas, que faz com que estes sejam expulsos de casa ou se separem cedo da família ou cidade de origem, em busca de maior liberdade.”

Homofobia escolar

“A homofobia no contexto escolar, levando ocasionalmente à evasão da escola, e no ambiente de trabalho, dificultando a empregabilidade, também contribuem para o processo de pauperização para jovens LGBT “

Vulnerabilidade

“Se a busca por maior liberdade frente à expressão da sexualidade deve ser vista como positiva, o aumento da vulnerabilidade ao abuso de drogas que por vezes a acompanha deve ser visto cuidadosamente pelas políticas voltadas a este segmento”

Maioria dos albergues são administrados por instituições religiosas

“A dificuldade das instituições voltadas à população de rua em lidar com jovens LGBT sem-teto deve-se ao fato da maior parte destas instituições serem ligadas a organizações religiosas, onde a homossexualidade é muitas vezes fortemente criticada.” 

Albergues exclusivos para LGBT?

“Em que pese o receio de que isto leve à formação de espaços segregados que acabem por contribuir para aumentar o processo de discriminação sofrida por esta população, experiências exitosas como a do Centro de Referência da Diversidade, na capital paulista, mostram que estas podem ser iniciativas importantes no processo de conquista da cidadania plena por parte destas pessoas.”

Leia na íntegra:
Sem-teto gays andam juntos para se proteger (Folha de S.Paulo – 13/02/2011)
Rua é ainda mais inóspita para esse público, por Marcos Roberto Vieira Garcia (Folha de S.Paulo – 13/02/2011)
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