(Época/Folha de S.Paulo) Promotores que investigam a clínica do ex-médico Roger Abdelmassih -considerado o maior especialista em reprodução humana do Brasil e foragido após ser acusado de estupro de várias pacientes e funcionárias- suspeitam que parte das cerca de 7.500 crianças nascidas com a assistência do médico não tenham o DNA somente de seus pais.
Segundo reportagem publicada na revista Época, três casais já descobriram, após exames de DNA, que os filhos gerados na clínica têm material genético de outras pessoas.
Condenado a 278 anos de prisão por ter estuprado ou violentado 37 mulheres, entre pacientes e funcionárias de sua clínica, entre 1995 e 2008, e com o registro profissional cassado, Abdelmassih, está foragido desde janeiro. A polícia suspeita que ele tenha fugido para o Líbano, país que não tem acordo de extradição com o Brasil, depois de passagem pelo Uruguai, onde teria conseguido um passaporte falso.
Há “suspeitas de que o médico pode ter passado duas décadas adotando procedimentos ilegais em seus processos de reprodução. Isso ajudaria a explicar as impressionantes taxas de sucesso de fertilização alcançadas por sua clínica. Em 2003, 47,1% dos procedimentos feitos por Abdelmassih resultaram em bebês, em comparação com meros 31,7% de casos de sucesso da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida, instituição científica que reúne mais de 90% dos centros de reprodução humana latinos. Formado em medicina na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 1968, Abdelmassih tornou-se referência em reprodução assistida não só no Brasil como no mundo. Suas estatísticas provocavam uma romaria de médicos a sua clínica para tomar aulas, aprender procedimentos. E funcionavam como a mais eficaz propaganda para atrair pacientes. Ele dizia ter atingido a impressionante marca de 20 mil clientes ao longo da carreira.”
Leia mais:
Clínica gerava crianças com DNA diferente de um dos pais (Folha de S.Paulo – 16/05/2011)
Doutor horror (Época – 14/05/2011)