Proposta segue agora para a Câmara dos Lordes, onde pode se tornar lei
Primeiro-ministro David Cameron sofreu forte resistência de aliados conservadores por ter apoiado projeto
(Folha de S.Paulo) O Parlamento britânico deu ontem o primeiro passo para legalizar o casamento gay na Inglaterra e no País de Gales, seguindo o exemplo de outros nove países europeus.
O projeto foi aprovado na Câmara dos Comuns por 366 votos a 161 e agora segue para a Câmara dos Lordes, que poderá transformá-lo em lei.
A medida não vale para Escócia e Irlanda do Norte, que têm Parlamentos regionais.
A proposta foi encaminhada pelo primeiro-ministro David Cameron, que enfrentou forte reação de aliados no Partido Conservador. Ele precisou de ajuda da oposição trabalhista.
O texto exclui a Igreja Anglicana, contrária à união de pessoas do mesmo sexo, mas permite que cartórios públicos e outras igrejas celebrem casamentos civis e religiosos.
A ministra das Mulheres e da Igualdade, Maria Miller, disse que o projeto representa um avanço em relação à união civil de homossexuais, aprovada no país em 2004.
“A parceria civil foi criada para dar direitos equivalentes aos casais de pessoas do mesmo sexo numa época em que a sociedade ainda não estava pronta para permitir o acesso ao casamento”, disse.
A trabalhista Yvette Cooper afirmou que as divergências com o governo foram superadas em nome de um objetivo comum e classificou a votação como histórica.
“Nós estamos do lado certo da história ao levar este projeto adiante. É hora de celebrar, e não de discriminar quando um casal decide fazer a promessa de ficar junto por toda a vida”, disse.
A ala mais à direita do Partido Conservador protestou contra Cameron, já sob pressão por enfrentar uma rebelião de aliados que defendem a saída imediata do Reino Unido da União Europeia.
Embora ele tenha liberado a bancada para seguir suas convicções individuais, os votos contrários de 133 conservadores foram recebidos como desafio à sua liderança.
“Esta lei está sendo festejada por promover a inclusão, mas o que ela fez foi causar divisão, não só no Partido Como em todo o país”, disse o conservador David Burrowes.
“Temo que a nação esteja dando as costas a princípios sobre os quais ela foi construída. Acredito na definição bíblica do casamento, entre homem e mulher”, emendou William McCrea, do Partido Democrático Sindicalista.
Ícone da ala tradicionalista dos conservadores, o ex-ministro Norman Tebbit prometeu resistir nos debates na Câmara dos Lordes.
“E se tivermos uma rainha lésbica que se casa com outra mulher e, em seguida, decide que gostaria de ter um filho? Alguém doa esperma e ela dá à luz uma criança. O filho é herdeiro do trono?”, questionou Tebbit.
Acesse em pdf: Deputados do Reino Unido aprovam casamento gay (Folha de S.Paulo -22/05/2013)