25 a 27/05/2011 – Mídia repercute com especialistas a suspensão do kit anti-homofobia

27 de maio, 2011

Psicólogos, professores, jornalistas e ativistas comentam a decisão da presidenta Dilma Rousseff de suspender o kit anti-homofobia elaborado pelo Ministério da Educação.  Veja abaixo:

(Folha de S.Paulo) “As igrejas tomaram isso [o kit] como se fosse para uma utilização sem critérios. Mas, ao contrário, o material iria dialogar com o conteúdo pedagógico da escola e, adequadamente trabalhado, ajudaria na luta contra a homofobia”, afirma César Callegari, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação.
(G1) “Todo o material foi submetido à análise da Secad. O beijo entre as meninas foi vetado no vídeo ‘Torpedo’. Tudo foi feito com muito cuidado e amplamente discutido”, afirmou a socióloga Sylvia Cavasin, fundadora da Ecos, responsável por desenvolver o material para o programa do MEC. O vídeo feito com sequência de fotos mostra duas estudantes adolescentes que se apaixonam e são discriminadas na escola. Elas se encontram no pátio e decidem assumir a relação na frente de todos os colegas. Elas se abraçam ao final. Não há beijo.

(Folha de S.Paulo) O jornalista Nelson de Sá escreveu na coluna Toda Mídia: “Bastou uma semana de campanha no “Jornal da Record”, falando em “pais indignados” e “medo de que o material incentive crianças a adotar a postura homossexual”. Em blog, Edir Macedo postou que a “Constituição garante o direito de não desejar filho gay”. Até que a “presidente manda cancelar cartilhas sobre homossexualismo”, anteontem na escalada da Record -destaque também no “Jornal Nacional”, mas sublinhando serem “contra a homofobia”. E ontem, na manchete da mesma Record, “Dilma declara que não será permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais”.(G1)“Um absurdo. Uma vergonha.” É a opinião de Maria Helena Franco, coordenadora do projeto Escola sem homofobia, elaborado pela Ecos – Comunicação em Sexualidade, uma das responsáveis pela elaboração do material. Para Maria Helena, as pessoas não viram o material e estão atacando sem conhecê-lo. “Nossa esperança é que ainda voltem atrás.” Ela também vê interferências políticas no assunto. “Negociar o kit politicamente, no caso envolvendo o (ministro da Casa Civil Antonio) Palocci, é uma vergonha.”


O presidente do Grupo Arco-Íris, Julio Moreira afirma que o governo tem de ser progressista e investir na cidadania. “O país não pode se subjugar a vontade de pensar um setor, o mais conservador. Você só consegue diminuir o preconceito com a informação. Dessa forma, vai haver mais exclusão e violência.”

(UOL) A psicóloga Jaqueline Gomes de Jesus, professora da Universidade de Brasília,defende que esse tipo de material sobre diversidade é “fundamental”. “Como as crianças vão conhecer a realidade se não houver material que leve a elas essa informação?”, questiona a doutora em Psicologia Social pela UnB. Ela aponta que, em outros países, como nos Estados Unidos, são utilizadas apostilas sobre o assunto e que este é um modo de “atingir as pessoas em um aspecto afetivo”. 

Na opinião de Laurindo Leal Filho, professor de comunicação da USP e especialista em teledramaturgia, o material deve ser aplaudido por sua “delicadeza”. “Com grande delicadeza e muito cuidado, os vídeos tratam de um tema difícil, mas de uma forma perfeitamente assimilável pelos jovens.” Para Leal Filho, não há incentivo à homossexualidade, como acusam os congressistas religiosos. Ao contrário, “o material pode dar uma grande contribuição contra a homofobia e tem o mérito de não trazer o tom jocoso ou a falta de contextualização que às vezes estão presentes em novelas e programas humorísticos”.

(O Estado de S. Paulo) Em sua coluna, a jornalista Dora Kramer afirma que o recuo na distribuição do “kit anti-homofobia” aconteceu por motivo político: “Não por causa de uma avaliação rigorosa sobre a adequação ou inadequação de uma campanha daquela natureza junto aos alunos do ensino fundamental, mas em função do temor de que católicos e evangélicos do Congresso não sustentem apoio a Antonio Palocci na crise”.

Leia na íntegra:
Decisão da presidente divide educadores (O Estado de S. paulo – 27/05/2011)
Veto a kit só considera igreja, diz educador (Folha de S.Paulo – 27/05/2011)
MEC cortou beijo em filme, diz coordenadora do kit anti-homofobia (G1 – 26/05/2011)
Fratura exposta, por Dora Kramer (O Estado de S. Paulo – 26/05/2011)
Gays se dizem indignados com recuo do governo (O Globo – 26/05/2011)
Para entidade gay, Estado laico está ameaçado (Folha.com – 25/05/2011)
‘Estão atacando sem conhecê-lo’, diz coordenadora do kit anti-homofobia (G1 – 25/05/2011)
Suspensão do kit anti-homofobia é “retrocesso”, dizem especialistas (UOL – 25/05/2011)
‘Vai ter mais exclusão e violência’, diz líder de ONG sobre suspensão de kit (G1 – 25/05/2011)
Para estudiosos, vídeos do ‘kit gay’ mostram menos que novelas (UOL – 26/06/20114)
Dilma suspende ‘kit gay’ após protesto da bancada evangélica (UOL – 25/05/2011)
Dilma Rousseff manda suspender kit anti-homofobia, diz ministro (G1 – 25/05/2011)
Após pressão contra Palocci, governo suspende kit anti-homofobia do MEC (UOL – 25/05/2011)

Leia também:
Governo suspende kit anti-homofobia do MEC
Nota Oficial da ABGLT sobre a suspensão do kit educativo do projeto Escola Sem Homofobia (ABGLT – 25/05/2011)

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