26/10/2013 – Grupos e redes sociais ajudam a combater assédio sexual nas ruas

26 de outubro, 2013

(Folha de S.Paulo) Em quase todo o mundo, mesmo nos lugares mais exóticos, a vida de rua é serena e administrável. Mas, às vezes, as mulheres veem ruas muito diferentes das que são vistas pelos homens.

Nos últimos anos, surgiram histórias horríveis de ataques sexuais violentos a mulheres em viagem. As agressões físicas são o ponto extremo, mas a escala abarca diversos graus de agressão, como toques indevidos e ataques verbais.

Redes sociais estão cooperando cada vez mais para divulgar essas histórias e encorajar uma ação organizada contra o assédio nas ruas.

“Mudei-me para Nova York aos 18, e ser assediada na rua era parte da vida cotidiana de uma mulher jovem”, diz Emily May, cofundadora de um dos mais ativos grupos que combatem o assédio nas ruas, o Hollaback.

“Sabia que aquilo não era aceitável, mas pensava que era algo que uma mulher tinha de aceitar se desejasse viver em uma grande cidade. Mas minhas amigas e eu começamos a conversar com amigos homens que ficaram chocados ao ouvir nossas histórias. Um dos rapazes me olhou e disse que nós vivíamos em uma Nova York diferente da deles.”

Em 2005, com 24 anos, May e seis amigos (três homens) criaram o Hollaback, que atua com destaque na reação digital ao assédio. O grupo tem afiliados em 62 cidades de 25 países e opera em 12 idiomas.

May diz que o Hollaback instrui os militantes a combinarem “narrativa e ação prática” em seu trabalho.

Ela diz que Egito e Índia são dois dos principais polos da ação organizada.

No Egito, o grupo HarassMap, com site em árabe e inglês, acompanha em tempo real os relatos sobre agressões, feitas anonimamente.

No ano passado, o país adotou leis severas contra o assédio sexual, mas em geral as leis não são aplicadas, segundo a HarassMap. E em muitos casos a culpa é atribuída à vítima.

“Na Índia, o assédio nas ruas é uma realidade cotidiana para as mulheres”, diz Rubina Singh, diretora da Hollaback em Chandigarh.

“Comentários, olhares, perseguição, toques e muito mais são uma experiência que toda mulher que viaje para cá deve estar preparada para enfrentar”.

Devido a relatos pela internet e a esforços de redes de ação social, a polícia parece estar tomando mais conhecimento do assédio às mulheres nas ruas, ela diz.

“Também houve uma mudança na atitude geral do público”, acrescentou Singh. “Agora é mais fácil falar sobre o assédio nas ruas do que era um ano atrás”.

Ela diz que o assédio ocorre mesmo em lugares onde não existe uma vida de rua muito movimentada. “Em uma visita a Los Angeles, recebi minha cota de comentários e de exclamações provocantes”, recorda.

May diz usar o Skype e o Google Hangouts para coordenar as ações.

“Ontem mesmo falei com nosso pessoal na Croácia. Eles souberam da campanha da nossa equipe em Baltimore para treinar funcionários de bares sobre como reagir quando virem um assédio em curso. E o pessoal da Croácia disse que os mesmos problemas acontecem por lá”.

Acesse o PDF: Grupos e redes sociais ajudam a combater assédio sexual nas ruas (Folha de S.Paulo – 26/10/2013)     

 

 

 

 

 

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