(Correio Braziliense) Estima-se que hoje as mulheres representem apenas 10% dos ingressantes nos cursos da área de tecnologia da informação (TI). Para romper o estereótipo que envolve o mercado de computação, algumas universidades e entidades de classe estão tentando atrair mais mulheres para as profissões ligadas ao setor.
“Desde pequenos, meninos e meninas costumam ser educados para dividir o mundo entre áreas masculinas e femininas. Bonecas e acessórios cor-de-rosa vão para um lado, carrinhos e bolas de futebol, para o outro. O resultado disso é que, anos mais tarde, alguns setores ficam dominados por homens, enquanto outros viram território quase que exclusivo delas”, diz a reportagem do Correio.
Para romper esse ciclo vicioso, a Universidade de Brasília (UnB) vai organizar eventos específicos para meninas durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, de 18 a 24 de outubro, e na Semana da Extensão da universidade, em novembro. “Queremos que elas construam pequenos jogos, aproveitem o espaço para fazer exercícios de programação”, explica a professora Maria Emília Walter, do Departamento de Ciência da Computação.
“As pessoas têm a imagem do nerd, sentado em frente ao computador, trabalhando sozinho o tempo inteiro. Isso é uma coisa que provoca aversão nas mulheres. Nós temos o perfil mais sociável por natureza, precisamos interagir com o outro”, explica Mirella Moro, diretora de educação da Sociedade Brasileira de Computação (SBC).
Há quatro anos, a SBC realiza o Women in Information Technology (WIT), atividade paralela ao congresso nacional da entidade. No workshop, profissionais de todo o mundo falam sobre a presença feminina no setor e sobre a necessidade de compor quadros funcionais mais diversos, com homens e mulheres trabalhando juntos.
Rompendo barreiras no mercado
No mercado de trabalho, o domínio masculino já está mudando. Um estudo independente feito pelo consultor Túlio Ornelas Iannini sustenta que elas já ocupam 40,2% das vagas do setor.
Segundo esse levantamento, as mulheres são maioria em nichos específicos do mercado, como administração de banco de dados (elas são 64,4% das funcionárias) e webdesign (as mulheres ocupam 59,7% dos cargos).
Essa discrepância entre a presença de mulheres no mercado e a encontrada nas universidades está possivelmente relacionada ao baixo índice de profissionais qualificados para trabalhar em TI. A pesquisa revelou que apenas 25% dos trabalhadores têm ensino superior completo; desses, menos de 10% são mulheres.
Mirella Moro, diretora de educação da Sociedade Brasileira de Computação, explica que o baixo índice de formação ocorre porque os salários são satisfatórios mesmo para quem não tem diploma. “Isso, no entanto, limita o crescimento profissional. A geração atual é muito mais competitiva, mas ainda impressiona-se com a história do dono da empresa que venceu na vida sem ter graduação”, lamenta Mirella.
Leia na íntegra: Reduto masculino, área de TI busca diversidade (Correio Braziliense – 27/08/2010)