(ONU Brasil, 12/05/2016) Projeto da ONU Mulheres levou demandas de 282 mulheres de diversas comunidades indígenas para Acampamento Terra Livre, onde foi formalizado um conjunto de pautas nacionais comuns. Empoderamento feminino e combate à violência de gênero estão entre as reivindicações.
Pela primeira vez no Brasil, mulheres indígenas construíram coletivamente uma pauta nacional comum com contribuições de 104 dos 305 povos existentes no país. As reivindicações foram apresentadas na quarta-feira (11), durante o XII Acampamento Terra Livre (ATL), organizado anualmente pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
O encontro contou com a participação das integrantes do projeto “Voz das Mulheres Indígenas” – fruto de uma parceria da ONU Mulheres com a Embaixada da Noruega. A iniciativa realizou uma plenária específica para debater o documento produzido ao longo do acampamento.
“A ONU Mulheres está comprometida em apoiar as mulheres indígenas para que sua presença em fóruns nacionais e internacionais seja efetiva e que reivindiquem melhorias substantivas nas suas vidas e nas suas comunidades”, afirmou a diretora regional da agência das Nações Unidas para Américas e o Caribe, Luiza Carvalho.
‘Esperamos fortalecer o nosso diálogo para que possamos acompanhá-las nesta caminhada pelo empoderamento’
O “Voz das Mulheres Indígenas” foi criado para elaborar uma agenda que defendesse as necessidades e interesses das mulheres indígenas levando em conta a diversidade entre as comunidades e também os seus interesses comuns.
No Acampamento Terra Livre, diretora da @ONUMujeres, Luiza Carvalho, destaca empoderamento político das indígenas pic.twitter.com/ZYwbcNbqAw
— ONU Mulheres Brasil (@ONUMulheresBR) 11 de maio de 2016
O projeto estabeleceu um grupo de referência com mulheres indígenas de distintos níveis de institucionalização e com poder deliberativo quanto às questões relativas ao “Voz das Mulheres Indígenas”. O coletivo se comprometeu a contemplar a diversidade de povos indígenas brasileiros por meio da promoção do diálogo intergeracional.
A equipe recomendou outras 22 mulheres indígenas distribuídas em todo território nacional para atuarem como multiplicadoras. Somadas todas participantes, as integrantes das duas etapas do projeto representam 23 povos de 14 estados brasileiros.
Com o papel de recolher demandas locais dos povos que habitam seus estados e suas regiões, as multiplicadoras receberam formação política em temas amplos tais como gênero e direitos das mulheres; processo de elaboração, monitoramento e implementação de políticas públicas; conhecimento de instâncias do governo que tratam de assuntos pertinentes aos direitos das mulheres indígenas; marcos internacionais relativos aos direitos dos povos indígenas e mulheres indígenas, entre outros.
Ainda como parte do processo, as multiplicadoras participaram ativamente de oportunidades de incidência política, em espaços para articulação e mobilização de outras mulheres indígenas e nas Conferências de Políticas Indigenistas, Políticas para Mulheres e Políticas para a Juventude.
Após um ano e meio de trabalho, foram recolhidas demandas de 282 mulheres de 104 povos. As solicitações foram sistematizadas em uma pauta comum com estratégias fundamentadas na visão de igualdade e diversidade em defesa dos direitos das mulheres indígenas do Brasil.
As exigências foram levadas à plenária do Acampamento Terra Livre, onde foram validadas e formalizadas por outras mulheres e lideranças no evento como a primeira Pauta Nacional das Mulheres Indígenas.
O documento inclui diversas questões distribuídas pelos eixos: violação dos direitos das mulheres indígenas – incluindo, mas não se limitando, ao enfrentamento à violência contra a mulher; empoderamento político e participação política das mulheres indígenas; direito à saúde, educação e segurança; empoderamento econômico; direito à terra e processos de retomada; e conhecimentos tradicionais e diálogo intergeracional.
Acesse no site de origem: Mulheres indígenas aprovam 1ª pauta nacional elaborada com contribuições de 104 povos e apoio da ONU (ONU Brasil, 12/05/2016)