(Terra, 06/10/2014) Segunda mulher mais bem votada para o cargo de deputada federal em São Paulo, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) se diz “decepcionada” com a falta de representatividade da diversidade e dos Direitos Humanos surgida das urnas neste domingo (05).
Eleita com 177,2 mil votos, Erundina afirma que a representatividade social na Câmara dos Deputados deu “um passo para trás” e mostra os “defeitos do nosso sistema político”:
“De novo ganharam as máquinas, o dinheiro e o poder político e econômico que elege as pessoas. Isso provoca uma perda de qualidade da representação que nós estamos vendo. É fruto da sucessão de mandatos que não gera renovação e gera guetos sem respaldo social. A cada eleição há uma piora na qualidade da representação. Isso é muito triste, revoltante e acaba comprometendo a própria democracia. Demos um passo inacreditável para trás na representação da Câmara dos Deputados nessa eleição”, disse a ex-coordenadora da campanha de Marina Silva à Presidência da República.
A deputada federal chama atenção principalmente para a questão feminina no estado mais rico do país, que elegeu apenas cinco mulheres entre as 70 vagas que estavam em disputa:
“É uma situação muito preocupante no Estado mais rico do País, que teve uma piora significativa na qualidade da representação. É decepcionante. Pouquíssimas mulheres e gente preocupada com questões raciais e de Direitos Humanos foram eleitos, dando lugar a fanáticos e religiosos. Houve uma representação muito desigual e sem representar os vários segmentos e movimentos sociais aqui formados”, afirmou a ex-prefeita de São Paulo.
Para Luiza Erundina, o próximo presidente terá muita dificuldade de governar e terá que dialogar com partidos de centro sem ideologia partidária.
A parlamentar avalia que o país ficou muito mais distante de uma reforma política séria com a atual configuração do Congresso Nacional:
“O próximo presidente vai ter mais dificuldade de governar, sobretudo com essa lógica da governabilidade que não há coerência entre as composições de força sem identidade e sem compromissos iguais entre elas. É muito preocupante a qualidade da nossa representação e a relação que haverá entre o Executivo e o Legislativo com esses representantes que foram eleitos. É mais uma vez fruto dos defeitos do sistema político que precisam ser resolvidos, ou na próxima campanha vai ser pior. Creio muito tristemente que estejamos mais distante agora da Reforma Política séria que precisamos, com essa nova configuração parlamentar”, declarou a deputada mais votada do PSB paulista.
Entre as cinco mulheres que foram eleitas em São Paulo estão Bruna Furlan (PSDB – 178,2 mil votos), Luiza Erundina (PSB – 177,6 mil votos), Mara Gabrili (PSDB – 155 mil votos), Ana Perugini (PT – 121,6 mil votos) e Renata Abreu (PTN – 86 mil votos).
Rodrigo Rodrigues
Nota da Redação: Também foi reeleita por SP à Câmara Federal a deputada Keiko Ota (PSB), que concorreu apenas com o nome “Ota”
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