(O Globo | 14/03/2021 | Por Marlen Couto)
Quando a Câmara discutia a PEC da Imunidade, no fim do mês passado, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) segurava nos braços sua filha, Moana, de 9 meses, ao discursar contra o projeto, pautado em resposta à prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). Nas redes, a imagem daquele momento incomum numa Casa formada majoritariamente por homens viralizou. Foram muitas as demonstrações de apoio, mas também críticas de quem acredita que aquele não é espaço para criança. O episódio expôs não só a pressão que mães parlamentares enfrentam para conciliar o trabalho e a maternidade, mas também o despreparo do Congresso para acolhê-las.
Além da falta de estrutura para receber crianças no Congresso, parlamentares criticam a ausência de regulamentação e o curto prazo da licença concedida para mães. Na Câmara e no Senado, a licença maternidade não está prevista oficialmente. Para tirá-las, é preciso recorrer a uma gambiarra: uma licença saúde com prazo de quatro meses. Na prática, porém, o afastamento só ocorre durante três meses após o nascimento do bebê. Isso porque, como ficam impossibilitadas no fim da gestação de viajar de avião para ir a Brasília, por recomendação médica, precisam tirar a licença um mês antes do parto.