Mesmo maioria, negros “desaparecem” na campanha eleitoral

09 de setembro, 2014

(AfroPress, 09/09/2014) Embora estejam ausentes dos debates e da propaganda eleitoral dos presidenciáveis, os negros brasileiros são a maioria do eleitorado nas eleições de 05 de outubro, segundo análise da socióloga e especialista em pesquisa de opinião Fátima Pacheco Jordão, a partir de dados dos institutos Ibope e Datafolha.

Os dados estão nas análises “Gênero e Raça nas Eleições Presidenciais 2014: A força do voto de mulheres e negros”, realizado pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Instituto Data Popular, Ibope e Data Folha.

No caso das mulheres, que correspondem a 52% do eleitorado, elas superam em 6 milhões o número de eleitores homens (74.459.424 mulheres para 68.247.598 homens). Em relação aos negros, eles representam 55% do eleitorado (47% pardos e 8% de pretos). Os brancos representam 44% dos eleitores com direito a voto, enquanto os amarelos correspondem a 1%.

Os eleitores que se autodeclaram negros já passam de 78 milhões (78,5 milhões), contra 62,8 milhões de brancos – 15,7 milhões a mais. Segundo o Censo do IBGE 2010, os negros correspondem a 50,7% da população de 202 milhões.

Candidatos

Quanto ao desempenho dos principais candidatos, a presidente Dilma Rousseff (PT) mantém-se em situação de empate técnico com a presidenciável Marina Silva (PSB) no eleitorado feminino (28% a 25% no voto espontâneo. No voto estimulado Marina tem 35% contra 33% de Dilma. Aécio (PSDB) tem 10% no voto espontâneo e 14% no voto estimulado

Entre os negros, porém, Dilma lidera: 35% contra 25% de Marina no voto espontâneo e 40% a 32% no voto estimulado. Aécio tem 8% no voto espontâneo e 12% no voto estimulado.

Maiorias

Segundo a socióloga “há importantes novidades nesta eleição, que são as 6 milhões de mulheres a mais que homens e a maioria de eleitores autodeclarados negros”. Ela acrescenta que o outro destaque é o crescimento da intenção de voto em candidatas mulheres: “Saltou de 60% para 69% essa manifestação de voto, quem em números absolutos dá algo próximo a 13 milhões a mais de pessoas que passaram a declaração intenção de votar numa mulher. É um crescimento considerável para nossa sociedade”, afirma.

A especialista também lembra que 37% do eleitorado feminino ainda não definiu se vai votar em alguém e, em caso positivo, em qual candidata ou candidato. “Os dados mostram como o eleitorado ainda está avaliando e, nesse quadro, as mulheres continuam levando mais tempo para definir seu voto. Assim como nas eleições anteriores, o voto feminino continua sendo um voto mais reflexivo”.

Negros

Com relação ao eleitorado negro, Fátima Pacheco Jordão, afirma que a população negra brasileira cada vez mais se reconhece na sua identidade racial. “A autodeclaração é uma questão de identidade enquanto cidadão e cidadã”.

A socióloga também destacou a ausência dos temas de interesse da população negra na campanha: “Chama a atenção o distanciamento dos autodeclarados pretos em relação ao programa, que pode ser explicado pelo fato de a questão racial não aparecem com ênfase nas campanhas. A não ser na exibição de alguns e algumas modelos negros ou negras, a população não se vê representada nos programas”, afirma.

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