(Yahoo Notícias, 11/09/2014) Com as pesquisas de opinião indicando empate técnico tanto no primeiro como no segundo turnos entre Dilma e Marina, será importante observar o comportamento das eleitoras mulheres. Maioria do eleitorado – elas são 74 milhões contra 68 milhões de homens – elas tem decidido as eleições no Brasil.
Pois homens e mulheres podem apresentar comportamentos diferentes em termos de tendência de voto. Em 2010, por exemplo, Dilma ganhou tanto no eleitorado masculino como no feminino, mas proporcionalmente a petista teve mais votos entre os homens do que entre as mulheres. Vários analistas apontam que a migração de votos das mulheres para a oposição, na reta final da disputa, foi decisiva para a realização do segundo turno em 2010.
Naquela eleição, o oposicionista José Serra (PSDB) forçou a mão no tema do aborto com forte viés moral, o que coincidiu com um afastamento do eleitorado feminino no segundo turno (pesquisas mostraram que as eleitoras consideraram na ocasião o aborto um assunto a ser definido em foro íntimo; o exemplo sugere como errar na comunicação com as mulheres pode ser fatal em uma eleição).
Além de maioria, as mulheres apresentam outra característica que vem se repetindo em todas as eleições: elas têm uma tendência maior a definir o voto nos últimos momentos. Em 2014 não será diferente. Nas pesquisas “espontâneas”, quando o entrevistado diz o que lhe vem à mente sem a apresentação prévia de nomes, as mulheres registraram no início de setembro um grau de indefinição (faixa dos 37%, segundo dados compilados pelo Instituto Patrícia Galvão, de São Paulo) superior ao dos homens (27%). Mais do que o “estimulado”, o “espontâneo” detecta a consolidação do voto.
Ou seja: em disputas acirradas como a de agora, surpresas e reviravoltas podem acontecer por conta do comportamento do eleitorado feminino, que tende a definir seu voto às vésperas da eleição. Até aqui, entre mulheres, Dilma e Marina seguem também empatadas no primeiro turno, embora a trajetória do eleitorado de Dilma (desde 2010) seja mais masculino do que o de Marina.
Seja como for, daqui até 5 de outubro as campanhas devem intensificar os seus discursos para as mulheres. Ao segmentar suas mensagens – o que em termos amplos inclui não apenas mulheres, mas negros também — as candidaturas buscam explorar todas as brechas possíveis para a vitória. Caso permaneça acirrada a disputa, a mensagem segmentada será aquela que poderá fazer a diferença.
Rogério Jordão
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