(O Estado de S.Paulo) Reportagem do Estadão interpreta a eleição de Dilma Rousseff como “um paradoxo para a causa feminista”. Ao mesmo tempo em que a eleição da primeira mulher presidente do Brasil representa um avanço histórico na participação das mulheres nos espaços de poder e decisão, o novo governo “não promete nenhum avanço nos pontos mais polêmicos da agenda feminista”. Segundo o jornal, “o problema é o contexto em que Dilma Rousseff vai assumir o governo, marcado por compromissos de campanha, pressões de religiosos e a eleição de uma bancada evangélica ainda maior para o Congresso, onde estão em pauta há anos questões como a descriminalização do aborto e a união civil entre pessoas do mesmo sexo, além do projeto que torna crime a homofobia”.
A bancada evangélica -que tradicionalmente atua contra a legalização do aborto, o casamento de homossexuais e a criminalização da homofobia- cresceu 50% na última eleição e hoje conta com 63 deputados e 3 senadores.
E embora a secretária de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, defenda o direito da mulher de interromper a gravidez, a posição da secretaria nunca prevaleceu no governo, diante das fortes pressões religiosas, o que ficou claro durante a campanha eleitoral.
Na avaliação da reportagem, “restam na pauta da Secretaria de Política de Mulheres, referendadas pelo Plano Nacional de Direitos Humanos, tarefas como desenvolver campanhas sobre planejamento familiar, assegurar o acesso a laqueaduras e vasectomias na rede pública, assim como garantir os direitos trabalhistas de profissionais do sexo. A pauta da Secretaria das Mulheres também prevê a defesa do aumento das vagas em creches, o aumento da licença paternidade e a maior participação das mulheres nas decisões de poder e na política”.
Acesse na íntegra: País elege mulher presidente, mas agenda feminista deve emperrar (O Estado de S.Paulo – 01/01/2011)