(O Globo) O crescimento da presença feminina na política ainda é tímido, mas este ano as mulheres conseguiram uma pequena melhora no desempenho nas urnas: 2.025 candidatas disputaram a eleição para prefeito e 665 delas foram eleitas no último domingo, um crescimento de 32% em relação ao total de eleitas nos dois turnos da eleição de 2008, que foram 504. Oito das candidatas ainda brigam pela vitória no segundo turno. Estão fora, no entanto, dos grandes centros urbanos.
Entre as 26 capitais, apenas a deputada Teresa Surita (PMDB) foi eleita em Boa Vista (RR) e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) disputará o segundo turno em Manaus (AM). A grande maioria das novas prefeitas governará cidades com menos de 200 mil eleitores, incluindo a capital de Roraima. O partido que mais elegeu prefeitas foi o PMDB, com 129 eleitas em cidades médias, seguido do PSDB, com 93 e do PT com 70 prefeitas.
O número de prefeitas aumentou de 9% para 12% do total de prefeitos do país. Também aumentou o número de vereadoras: 7.647 este ano, contra 6.512 em 2008, um crescimento de menos de 20%. Disputaram vagas nas câmaras municipais este ano 113,8 mil candidatas, contra 285 mil candidatos a vereador. O número de candidatas foi grande por conta da exigência da cota mínima de 30% para as mulheres. As 7.647 vereadoras eleitas este ano representam 13,3% do total de vagas.
Na opinião de representantes das mulheres e especialistas, o percentual reduzido de mulheres eleitas é consequência do número menor de candidaturas oferecidas na disputa pelas prefeituras: 2 mil mulheres candidatas contra mais de 13 mil homens.
– O crescimento ainda não é substantivo e não chega perto do que queremos e precisamos para garantir a justiça redistributiva. Somos 50% da população. São 5,5 mil municípios, 12% do total de prefeitos é um percentual muito ínfimo – disse Patrícia Rangel, professora de Ciência Política da PUC de Goiás e consultora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA).
A professora estuda o desempenho das mulheres na política e os dados revelam um crescimento lento da participação na política. Para ela, uma das medidas a serem adotadas é garantir a exigência de cota mínima de candidatura de mulheres também nas eleições majoritárias (para cargos Executivos e Senado).
– Ter muitas candidaturas não significa muitas eleitas, mas ter pouquíssimas candidatas, mesmo com otimismo, sempre teremos pouquíssimas eleitas – acrescentou Patrícia Rangel.
O professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, José Eustáquio Diniz Alves diz que nos últimos 20 anos o percentual de participação das mulheres aumenta em 1% a cada eleição. Para ele, o maior entrave para o aumento da participação feminina nos cargos de comando está nos próprios partidos, comandados por homens que não querem ceder espaço.
– Nesse ritmo, serão necessários 148 anos para conseguir paridade entre homens e mulheres. O aumento é positivo, no caso de vereadoras, pois mais de mil foram eleitas em relação a 2008. O problema é que os partidos lançam candidatas laranjas em vez de investir na formação de verdadeiras candidatas – avalia o professor. – A barreira partidária é o principal entrave. Os eleitor brasileiro vota em mulher. Em 2010, dois terços dos votos para presidente foram para mulheres, mas para isso é preciso oferecer boas candidatas.
Acesse em pdf: Mulheres na política: número de prefeitas eleitas cresce 32% (O Globo – 09/10/2012)