(Folha de S.Paulo/O Estado de S. Paulo) A senadora eleita por São Paulo, Marta Suplicy, concedeu entrevistas para os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo, ambas publicadas no mesmo dia. Marta fala, entre diversos assuntos, sobre a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência, aborto, homofobia e sua participação no Senado.
Leia abaixo trechos selecionados das duas entrevistas:
Pretende voltar a tratar de direitos reprodutivos no Senado?
Eu pretendo sim, principalmente porque acredito que ninguém mais no Brasil hoje tem vontade de, daqui a quatro anos, passar pelo que nós passamos na última eleição – principalmente em relação ao aborto. Devemos caminhar, mas com uma visão muito mais ampla do que numa disputa eleitoral. Nós não temos educação sexual. Aqui em São Paulo, desde meu mandato, nunca mais tivemos. Nós não temos postos de saúde que acolham essa mulher com anticoncepção, não temos a pílula do dia seguinte respaldada e de fácil acesso. Temos uma situação onde a mulher está à deriva, o que é confirmado pelo número de abortos. Essa questão não pode mais ser colocada embaixo do tapete.
Por que na campanha a discussão do aborto tomou esse rumo?
Por uma manipulação da direita, que achou que levaria vantagem nessa discussão, e que acabou se dando mal.
Como a sra. avalia a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência do Brasil?
A escolha da Dilma foi um gol do presidente Lula. Não só por ela ser mulher, mas também por ser qualificada e parceira de todos os grandes projetos deste governo. Quem tem o privilégio de conviver com a Dilma sabe que se faz uma avaliação muito aquém do que ela é como pessoa e do que tem de competência.
Ficou constrangida por subir no palanque com Netinho, que tem histórico de agressão contra mulheres?
Eu avaliei que cada candidatura era uma candidatura e que não caberia a mim julgar essa questão específica, mas ao eleitor. E ele julgou.
Há no PT uma avaliação de que a sra. abre muito espaço aos seus namorados em decisões políticas…
Isso tem muito a ver com machismo. Se fosse um homem que compartilhasse a vida política com a mulher, ela seria uma enxerida, porque é mulher. E se [uma mulher] compartilha com um homem, ela é tonta e ele manda. Não tem escapatória.
Pretende defender a criminalização da homofobia?
Sim. Estamos vivendo um retrocesso. Quando apresentei meu projeto de união civil, há 15 anos, a Argentina era homofóbica. Hoje ela tem uma lei avançada e nós, espancamento na Paulista.
Leia entrevistas na íntegra:
Irmandade Lula-Dilma não é como Maluf-Pitta (O Estado de S. Paulo – 09/12/2010)
Quero ser o braço direito da presidente no Senado (Folha de S. Paulo – 09/12/2010)