(O Globo) Rosiska Darcy de Oliveira, presidente-executiva da entidade Rio como vamos e articulista do jornal O Globo, escreve artigo analisando a eleição de Dilma Rousseff, primeira mulher presidente no Brasil, e as expectativas quanto ao seu mandato. Muito dessa expectativa por conta de ela ser mulher. Veja trechos selecionados:
“A sociedade brasileira emite mensagens contraditórias. Projeta na presidente, ao mesmo tempo, os estereótipos do homem e da mulher. Ora um capacete da Petrobras, ora um neto recémnascido nos braços. Quem vai governar o Brasil: a petroleira ou a avó? Ambas? Não é esse o conflito de identidade de todas as mulheres? Sobre Dilma correm lendas, que ela, com razão, ironiza, definindo-se como uma mulher muito dura cercada de homens muito doces. Ninguém duvida de sua capacidade de afirmar autoridade no mundo dos homens, de se fazer mesmo temer quando não respeitar.”
“Um mercado de trabalho feminizado a quase 50%, a presença crescente nas universidades e setores estratégicos como a mídia e a pesquisa científica, tudo atesta a gigantesca e irreversível migração das mulheres da vida privada para o mundo do trabalho.
O país não passa recibo de quanto essa migração afeta as famílias. Não faz creches, não acolhe os idosos. A vida das famílias se organiza, aos trancos e barrancos, em função do mundo do trabalho como ele é, como sempre foi, como se nada tivesse mudado.”
“Nos anos de chefia da Casa Civil, o assunto não existiu. Presidente, ela agora faz a pauta. Com ouvido atento às demandas que sobem da sociedade e uma boa dose de imaginação, o governo pode conceber e impulsionar uma estratégia, um conjunto de políticas que aliviem o cotidiano atormentado de homens e mulheres.
Será Dilma capaz, em nome da preocupação com as pessoas e da atenção às mulheres, de liderar um Programa de Desaceleração do Cotidiano?”
Veja artigo na íntegra: A avó e a petroleira, por Rosiska Darcy de Oliveira (O Globo – 13/11/2010)