24/12/2010 – Êxito das cotas deveria ser suficiente para convencer os indecisos, diz Luiza Bairros (Folha)

24 de dezembro, 2010

(Folha de S.Paulo) “O êxito da iniciativa [de cotas] nas universidades que adotaram é tão evidente que deveria ser um indicador importante para as que ainda não estão convencidas”, diz a socióloga Luiza Bairros, futura secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, em entrevista à Folha de S.Paulo.

Gaúcha radicada em Salvador há 31 anos, a atual secretária de promoção da igualdade da Bahia defende as cotas raciais, em contraposição às sociais, e diz que o melhor não é impor ações às universidades federais, posição que se opõe ao atual entendimento da pasta.

Leia trechos dessa entrevista:

“Folha – Há uma ação que a sra. sabe que precisa ser feita?
Luiza Bairros –
A agenda de erradicação da miséria. A secretaria deve ressaltar o fato de que, no Brasil, a maioria das pessoas em situação de pobreza e miséria é negra.

E como isso seria alcançado?
A partir de medidas coordenadas e articuladas. As questões mais específicas são muito importantes. Quer dizer, tanto é importante o acesso ao Bolsa Família como  viabilizar que os que já o recebem saiam do programa. A questão da educação é extremamente importante, porque temos uma evasão escolar bastante grande, o que é particularmente grave na população negra. Também a saúde. De novo, entre os negros é que se registram mortes mais precoces e em maior número.

Todas as universidades federais deveriam ter cotas?
O êxito da iniciativa nas que adotaram é tão evidente que deveria ser um indicador importante para as que ainda não estão convencidas.

De forma impositiva ou não?
Qualquer pessoa negra desejaria que todas as instituições adotassem um tipo de medida para fazer face a uma coisa real, que são diferenças na inserção social, política, econômica entre brancos e negros, independentemente da questão da pobreza.

Há gestores que defendem a imposição. E a sra.?
Tenho dificuldade de responder isso. A imposição é dada pelas mudanças que a sociedade vai provocando nos valores. Chega num ponto em que a sociedade muda tanto que as instituições são obrigadas a mudar com ela.”

Acesse a entrevista na íntegra: Cota não é “dá ou desce”, diz nova ministra (Folha de S.Paulo – 24/12/2010)

Leia também entrevista de Luiza Bairros à revista Raça Brasil: Agora, Ministra (Raça Brasil – edição 150)

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