(Tereza Cruvinel, colunista do Correio Braziliense) Na primeira eleição com uma mulher na Presidência da República, as candidaturas femininas terão o maior crescimento da história, desde 1934, quando as mulheres conquistaram o direito de votar e ser votadas. Nos último pleitos, o número de mulheres candidatas cresceu pouco e o número de eleitas foi decepcionante. Isso colocou em cheque a eficiência da cota de gênero imposta aos partidos e exigiu uma mudança de redação que, certamente, teve um peso decisivo para este desempenho, afora a contribuição simbólica, que não pode ser aferida, da presença de Dilma no Planalto.
Uma das razões do “desinteresse” tem a ver com o custo e o financiamento de campanhas. As mulheres, ainda novas na política, têm menos intimidade com os caminhos secretos das doações eleitorais. Os financiadores, por sua vez, gostam de apostar em “cavalos vencedores”, candidatos que tenham um mandato, pelo menos, e grandes chances de reeleição. Com campanhas pobres e amadoras, feitas muito com empenho e pouco marketing, as mulheres têm mais dificuldades para se eleger. Somos mais cautelosas, sabemos calcular chances e riscos. Por isso, para preencher as vagas da cota feminina, alguns partidos, este ano, ofereceram alguma ajuda financeira com os recursos do fundo partidário.
A maior participação este ano continua refletindo, porém, uma distorção. As mulheres disputam muito mais a eleição proporcional que a majoritária. Entre os candidatos a prefeito, elas somam apenas 12,47% (1.909). Já as que disputam cadeiras de vereadoras são 84.792, representando 31% do total, contra 22% em 2008. E surgem também curiosas ilhas de “hegemonia local feminina”. Segundo o TSE, em 45 municipios, só concorrerão candidatas mulheres.
Mesmo assim, há muito caminho pela frente. Neste Brasil que é BRICs, player luzente e sexta maior economia do mundo, a participação feminina na Câmara é de apenas 8%. Um 106º lugar mundial, com o Brasil vergonhosamente atrás de alguns países da vinhança latino-americana e até mesmo da África.