Contestando a matéria da Folha Feministas criticam campanha da candidata (Folha de S.Paulo – 24/10/2010), a jornalista Terezinha Vicente denuncia a “grosseira distorção” do conteúdo de seu artigo, publicado na edição de junho da revista Caros Amigos.
Veja a seguir o pedido de direito de resposta enviado por Terezinha Vicente à ombudsman da Folha em 26/10/2010:
“Cara Suzana Singer,
Também sou jornalista, há 30 anos, fui assinante da Folha por esse mesmo tempo e, infelizmente, há alguns anos deixei de sê-lo por me decepcionar muuuito com esse jornal. Mas, nesta segunda-feira, fiquei indignada, ao ser alertada por uma amiga da grosseira distorção de um artigo meu feita pelo jornalista Uirá Machado, publicado no último domingo, no afã de atacar a candidata do governo na eleição que se aproxima. Além do meu artigo, publicado na Caros Amigos ser de junho – refere-se ao encontro de mulheres petistas, que precedeu a convenção -, o jornalista simplesmente diz que eu afirmo algo que foi manchete da Folha e eu cito para criticar!!! Além dele não dizer que o artigo é antigo – hoje eu escreveria outras coisas, com certeza – o colega com certeza não o leu direito. É lamentável!
Suzana, além de jornalista competente, você é também mulher, e saberá muito bem do que eu estou falando. Sou feminista atuante desde os anos 70, militante fundadora do PT, faço parte do Coletivo Estadual de Mulheres do PT/SP, imagine como isso me prejudica!
Por isso exigo a retratação desse jornal, além de um espaço a título de direito de resposta, pois o artigo publicado no último domingo, 24 de outubro, a distorção da minha opinião, publicada pelo jornalista Uirá Machado, está causando danos à minha imagem pública e profissional.
Veja abaixo, os trechos selecionados, e no anexo, as matérias na íntegra!
Veja o que escrevi, em junho:
“À sombra de Lula,…”
A principal chamada da Folha de São Paulo, “À sombra de Lula, Dilma promete alma de mulher”, sintetiza uma outra nuance muito cara às bandeiras feministas. Reforça outro estereotipo da mulher, a dependente, a submissa – a que não protagoniza, assessora; não trabalha, apenas ajuda o homem; acompanha, enfeita. Por isso, seu trabalho pode até valer menos, a sociedade machista aceita.
e vejam o que virou…
“Feministas criticam campanha da candidata
FOLHA DE SÃO PAULO
Feministas históricas do PT criticam a forma como a questão de gênero tem sido tratada pela campanha de Dilma Rousseff (PT), a primeira mulher com chances reais de se tornar presidente da República.
De acordo com as críticas, a campanha não só não tem conteúdo feminista, mas também reforça o papel tradicional da mulher na sociedade, ao abusar, por exemplo, da imagem da “mãe”.
Terezinha Vicente, por exemplo, afirma que há momentos em que o discurso de Dilma “colabora com os valores do patriarcado e dos fundamentalistas na defesa de que lugar de mulher é na casa, no lar e na família”.
Em artigo na revista “Caros Amigos”, Terezinha ainda afirma que, quando Dilma fica à sombra de Lula, ela reforça o estereótipo da mulher “dependente, submissa”, que “apenas ajuda o homem, acompanha, enfeita”.
Sandra Starling, outra feminista histórica e ex-militante do PT (rompeu com o partido neste ano por causa das eleições em Minas Gerais), também criticou a campanha dilmista.
De acordo com ela, quando Lula elogia as qualidades maternais de Dilma, com “um verdadeiro rol de frases machistas”, o presidente revela o papel que efetivamente reserva às mulheres: o de mãe de família e esposa. (UM)”
Gostaria que você encaminhasse esta ao jornalista Uirá, e aguardo ansiosa por sua resposta.
Abraço,
Terezinha Vicente Ferreira