Número de votos em mulher cresce menos que candidatas

12 de outubro, 2014

(Todo Dia, 12/10/2014) O número de mulheres candidatas às vagas de deputada estadual e federal na RMC (Região Metropolitana de Campinas) cresceu 59,09% em 2014, em comparação com o pleito de 2010. Porém, os votos recebidos por elas não cresceram na mesma proporção e tiveram aumento de apenas 2,43%.

Especialista aponta que isso acontece porque muitas se candidatam apenas para cumprir cotas, não fazem campanha e existe grande competitividade dentro dos partidos.

Valeriano Costa Mendes diz que siglas lançam candidatas inexpressivas (Foto: Todo Dia)

Em 2010, a região contava com 26 mulheres candidatas, num total de 137 concorrentes, o que representava 18,97% do total. Juntas, elas receberam 212.885 votos. Três delas foram eleitas: Ana Perugini (PT), Célia Leão (PSDB) e Aline Corrêa (PP) – as duas primeiras deputadas estaduais, e a última, federal.

As eleições deste ano contavam com 44 mulheres da RMC, num universo de 159 candidatos – 27,67% do total. Essas candidatas conseguiram 218.074 votos, 5.189 a mais que há quatro anos. Duas foram eleitas: Ana Perugini (federal) e Célia Leão (estadual).

COTAS

Para o cientista político e professor de Ciências Políticas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Valeriano Costa Mendes, a proporcionalidade não é seguida por três fatores: primeiro, a pressão pelo cumprimento das cotas dentro dos partidos. “Visando atender as cotas, previstas em legislação, que impõem que os partidos devem ter pelo menos 30% de mulheres candidatas, os partidos acabam optando por colocar mulheres que não têm visibilidade ou condições de se elegerem. Algumas não chegam a fazer campanha sequer”, argumentou.

Em segundo, a competitividade maior dentro do próprio partido e também nas eleições. “As mulheres têm baixa representação dentro do ambiente competitivo da política. Com poucos recursos para fazer campanha e pouco conhecidas pelo eleitor, o resultado é uma votação mais baixa, com 100, 50 ou 20 votos.

As candidatas que se elegeram esse ano certamente são conhecidas por terem participado de outras eleições”, afirmou Costa. O cientista político também crê que o nível de competição aumentou muito nas eleições deste ano em comparação com eleições anteriores. “Vários candidatos tradicionais não se elegeram, então a situação complicou para os pequenos”, avaliou o especialista.

O último fator é a lógica e organização da própria política.

“Você ter mais candidatos ou candidatas não significa necessariamente que esses novatos receberão um maior número de votos”, finalizou Costa.

João Conrado Kneipp e Francismo Lima Neto

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