Projeto doa próteses e faz pigmentação de aréolas em mulheres pós-mastectomia

15 de outubro, 2024 Revista Galileu Por Camilla Almeida

Serviço é oferecido a pessoas do Brasil todo de forma gratuita, e atende mulheres que passaram por cirurgia de câncer e buscam melhorar autoimagem após a perda da mama

O câncer de mama é o segundo mais comum em mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de pele, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O tratamento pode incluir quimioterapia e, em alguns casos, mastectomia — a remoção completa da mama, incluindo aréola e mamilo —, o que pode impactar a autoimagem e autoestima das pacientes.

Para ajudar a contornar o problema, o Instituto Natalia Beauty, que tem sede em São Paulo (SP), criou o Projeto Flow. A iniciativa oferece próteses de aréolas feitas de silicone para mulheres que passaram pela mastectomia, de forma totalmente gratuita. Além disso, o projeto também faz reconstrução de aréolas com a técnica de nanopigmentação.

De acordo com um levantamento publicado na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica em 2021, das 204.569 cirurgias de câncer de mama feitas no Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2015 e 2020, 43% foram mastectomias. Esse procedimento é indicado quando a paciente não pode ser tratada com uma cirurgia menos invasiva, que remove apenas a parte da mama onde o tumor está localizado.

A reconstrução mamária, que pode incluir o uso de implantes, tecidos e gordura da própria paciente ou uma combinação dessas opções, pode contribuir para aumentar a autoestima. No Brasil, a Lei da Reconstrução Mamária, que dá direito a cirurgia plástica imediatamente após a retirada total ou parcial da mama, está em vigor desde 24 de abril de 2013. No entanto, o procedimento não reconstitui o mamilo e a aréola, além de gerar cicatrizes e alterar a forma e sensibilidade das mamas.

Projeto existe desde 2018

O nome por trás do Projeto Flow é a empresária e influencer Natalia Martins, conhecida nas redes sociais como Natalia Beauty. Dona de clínicas de estética, ela oferece cursos de tratamentos para a pele, lábios e cílios, e mantém um instituto com seu nome dedicado a ações sociais. Natalia lembra que a ideia do projeto de nanopigmentação para reconstrução de aréolas surgiu após uma interação com uma seguidora.

“Assim que comecei a estudar sobre tatuagem estética, eu recebi um relato de uma mulher do Piauí. Ela me contou que, de todo sofrimento que ela teve durante o câncer de mama, uma das partes que mais doía era não ter o bico do seio”, disse Natalia, em entrevista à GALILEU. “Ela, então, pegou um ônibus e fez uma viagem de dois dias e meio para São Paulo. Eu demorei umas 3 horas para realizar o procedimento. Quando ficou pronto, essa mulher chorava de felicidade. Naquele dia, eu tive um insight.”

Após aprofundar seus estudos na área, a empresária lançou o Projeto Flow em 2018, com o objetivo inicial de oferecer gratuitamente a reconstrução de aréolas por meio da nanopigmentação. A técnica se distingue das tatuagens convencionais por usar pigmentos especiais que imitam a cor e a textura da aréola natural, criando um efeito tridimensional. O procedimento tem uma duração aproximada de dois anos, e exige manutenção.

Devido à necessidade de deslocamento e à limitação de profissionais disponíveis, a empresária começou a buscar maneiras de expandir o atendimento. Assim, surgiu a ideia de desenvolver próteses de silicone médico com as sobras de próteses usadas nos cursos de beleza de sua marca. “Nós treinamos alunas para aprender técnicas de sobrancelha e lábio em próteses de silicone médico texturizado, muito semelhante a pele”, contou a empresária. “Percebemos que sobrava muita coisa. Então, pegamos esse material e começamos a produzir as próteses a partir disso.”

O silicone é derretido e despejado em moldes de gesso que replicam o formato das aréolas. Natália conta que já existem centenas de moldes em vários tamanhos e formatos, incluindo detalhes como os Tubérculos de Montgomery, que são pequenos relevos no mamilo, formados por glândulas sebáceas responsáveis por manter a aréola e o mamilo protegidos e lubrificados. O resultado são próteses autocolantes com relevo, que permanecem fixadas na pele por até 10 dias. Para reutilizá-las, basta higienizar a parte adesiva com soro fisiológico e reaplicá-las.

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