(Universa, 18/04/2020 – acesse no site de origem)
Um conceito relacionado à precariedade de a mulher se manter segura nos dias em que está menstruada ganha força, infelizmente, em meio à pandemia do coronavírus: o de pobreza menstrual. Sem acesso a dinheiro para compra de absorventes, pessoas em situação de rua, especialmente, substituem o item de higiene e cuidado por sacolas e papel higiênico, quando disponível.
Não à toa, parte das entidades que pedem doações para quem está em vulnerabilidade nestes tempos também coloca absorvente na lista. Conversamos com responsáveis por essas ações para entender como mulheres em situação de rua são mais atingidas por essa questão, e como podemos ajudar.
Pobreza menstrual na pandemia: doações a mulheres
Coordenadora da Pastoral da população em situação de rua de São Luís, no Maranhão, Zenilda Ferreira Bezerra conta que os kits de higiene distribuídos pelas ruas da cidade, desde que se iniciaram as medidas de isolamento social, incluem sabonete, escova e pasta de dente, lâmina de barbear e o absorvente. “Elas não têm dinheiro para comprar, então, usam sacola, papel higiênico”, explica.
O improviso para que o sangue menstrual não suje as roupas e para que a mulher se sinta menos exposta, no entanto, é uma das questões que cercam a vida da mulher em situação de vulnerabilidade, como explica a coordenadora geral do Corra pro Abraço, que atua em Salvador, na Bahia, Trícia Calmon. O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do estado.
“Das mais de 4.200 pessoas que atendemos, 32% do público de população de rua é de mulheres. Mesmo sendo numericamente menor, a vida delas não é menos desafiadora. De fato, elas têm questões peculiares, além de histórias marcadas por violências, tanto sexual, quanto doméstica. No caso de mulheres trans, ainda há a transfobia”, comenta.
“Por isso, há algumas prioridades e políticas de acesso: temos uma unidade de acolhimento na Cidade Baixa, em Salvador, onde se pode tomar banho, o que também é fundamental no período menstrual. E lá há absorventes íntimos também”.
Trícia explica, ainda, que o Corre pro Abraço contempla outras perspectivas para que a mulher em vulnerabilidade se sinta mais amparada, como a distribuição de preservativo feminino.
“Para as que precisam se prostituir para se alimentar, oferecemos o preservativo interno, por exemplo. Assim, elas têm um pouco mais de autonomia em relação ao próprio corpo”.
A entidade também presta assistência a trabalhadoras informais e pessoas que moram em contextos de insalubridade. “Entram no nosso kit de higiene o sabonete, creme dental, preservativos, absorvente; no caso de quem tem filhos, lenço umedecido. É o mínimo para que elas tenham condição de fazer a higienização”.
Como ajudar
Qualquer instituição que, nestes tempos de pandemia, se dedique a montar kits de higiene para entregar a pessoas que precisam pode necessitar de doações de absorventes íntimos.
No entanto, se você quer ajudar a Corra pro Abraço, saiba que eles estão atuando em três frentes: com equipes multidisciplinares em territórios já mapeados por eles; no funcionamento na Unidade de Apoio à Rua (UAR), no Largo dos Mare, e na distribuição de mantimentos para instituições parceiras. Para fazer doação financeira, os dados bancários são: Banco do Brasil, Agência: 3457-6, Conta-Corrente: 71280-9 e titular: Comunidade Cidadania e Vida.
Já para a Pastoral de São Luís, é possível colaborar com a campanha “Adote um pop rua”. São necessários itens de higiene pessoal, álcool em gel, máscara de proteção, luvas, água mineral, e alimentos e descartáveis para o café da manhã oferecido em pontos pré-determinados pela entidade. Mais informações para ajuda no Café solidário pelo telefone (99) 99157-3539; ou em contato com Zenilda pelo (98) 99158-8864.