(Folha de S.Paulo) “O Brasil amadureceu. Não precisa ser uma sociedade infantilizada. Querem infantilizar os brasileiros com essa história de pai e mãe”, afirmou a candidata do PV à Presidência, Marina Silva, no debate entre os três principais presidenciáveis patrocinado pela Folha/UOL.
Na análise sobre o debate, o colunista da Folha Fernando de Barros e Silva mencionou as críticas de Marina Silva à “‘infantilização’ da política patrocinada por Lula e Dilma (‘pai dos pobres’, ‘mãe do PAC’, gugu-dadá etc.)”.
Em editorial, a Folha de S.Paulo também critica: “Estratégia governista de tratar política como vida familiar não é republicana e ajuda a encobrir candidata que ninguém conhece”.
O jornal lembra que na véspera do debate o presidente Lula afirmara: “A palavra não é governar. A palavra é cuidar. Eu quero ganhar as eleições para cuidar do meu povo como uma mãe cuida do seu filho.”
“‘Mãe’ e ‘pai’ dos brasileiros se fundem na mesma figura mistificadora. A declaração revela mais do que o entendimento de Lula sobre o processo sucessório. A apresentação da política em termos característicos das relações privadas e familiares termina por desvirtuá-la, ao negar o caráter igualitário da esfera pública.”
“A figura paterna, ao contrário, pressupõe uma relação de superioridade com os filhos. Os laços cordiais, de afeto e de ‘cuidado’ contidos na imagem proposta por Lula mal disfarçam a herança patrimonial e autoritária da política brasileira. A metáfora ecoa a tutela populista exercida sobre as massas recém chegadas à cidade em meados do século passado. Contradiz os princípios impessoais republicanos. Faz pouco do cidadão -que não precisa de atenções paternais ou maternais, mas de respeito a seus direitos.”
Acesse na íntegra:
‘Pai’ e ‘mãe’, editorial (Folha de S.Paulo – 19/08/2010)
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