(O Estado de S. Paulo) As eleições para uma nova Assembleia Constituinte na Tunísia terão uma das maiores participações femininas de qualquer pleito no Oriente Médio. Contudo, apesar de o país destacar-se no mundo árabe em igualdade de gênero, ativistas tunisianas avaliam que o cenário atual não garante sua liderança na política.
A legislação eleitoral garantiu 50% das candidaturas às mulheres, mas apenas 6% das mais de 1 mil listas são encabeçadas por elas. Como, em muitos casos, apenas o primeiro na lista terá um assento, a nova Assembleia deverá ser dominada por homens.
Com isso, a Associação Tunisiana para Mulheres Democráticas teme que direitos conquistados pelas mulheres na Tunísia, um dos países mais progressistas do mundo árabe nas questões de gênero, não serão explicitamente considerados na nova Constituição, que será escrita pela Assembleia. [Leia notícias pós-eleição: Partido islâmico da Tunísia reafirma ‘compromisso com mulheres’ (BBC Brasil – 28/10/2011) / “Líder do partido islâmico vitorioso, Rachid Ghannouchi diz que vai respeitar direitos das mulheres” – Tunisiano promete islã com democracia (Folha de S.Paulo – 26/10/2011)]
A Tunísia está entre os poucos países árabes que permitem às mulheres ocupar postos de alto escalão do Judiciário e atuar no governo ou em setores como medicina e até nas forças de segurança. Elas ocupam 55% das vagas nas universidades.
A Tunísia modernizou-se após a independência, em 1956, liderada por Habib Bourguiba. Ele tornou ilegal a poligamia, deu às mulheres o direito ao divórcio e determinou igualdade de direitos para ambos os sexos.
“Existe uma obrigação que é conseguir os melhores resultados. Paridade (de gênero) é uma coisa, mas a realidade (atual) é outra”, diz Nejib Chebbi, o fundador do Partido Democrático Progressista, que se coloca como o guardião dos valores seculares contra os candidatos dos partidos islâmicos.
Leia na íntegra: Grande participação de candidatas marca votação (O Estado de S. Paulo – 23/10/2011)
Veja também: 22/10/2011 – Mulheres em destaque na campanha eleitoral argentina