Levantamento da Catho mostra as diferenças salariais em 8 funções e chegam a 62% no cargo de consultor; na análise por setor, homens ganham mais em 25 de 28 áreas.
(G1, 07/03/2017 – acesse no site de origem)
As mulheres ganham menos do que os homens em todos os cargos. É o que aponta pesquisa salarial da Catho que avalia 8 funções, de estagiários a gerentes. A maior diferença é no cargo de consultor, no qual os homens ganham 62,5% a mais do que as mulheres.
A pesquisa da Catho foi divulgada nesta terça-feira (7), véspera do Dia da Mulher.
Para cargos operacionais, a diferença entre os salários chega a 58%, e para especialista graduado é de 51,4%. Completam o ranking: especialista técnico (47,3%), coordenação, gerência e diretoria (46,7%), supervisor e encarregado (28,1%), analista (20,4%), trainee e estagiário (16,4%) e assistente e auxiliar (9%).
Essa disparidade entre os gêneros também pode ser observada na análise da renda da população. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a renda média nacional do brasileiro é de R$ 2.043, mas os homens continuam recebendo mais. Enquanto eles ganham, em média, R$ 2.251, elas recebem R$ 1.762 (diferença de R$ 489).
“Ao longo dos anos, isso pouco mudou. É uma diferença de 70%, que pode estar nas escolhas ocupacionais – há mais médicos homens do que enfermeiros homens, por exemplo – e tem também porque as oportunidades são diferentes. A quantidade de cargos gerenciais, por exemplo, é menor entre as mulheres. Apesar de estarmos em 2017, a gente tem toda uma diferença”, disse o coordenador do IBGE.
Herança machista
A herança cultural machista e a entrada tardia das mulheres no mercado de trabalho, que passaram a buscar condições igualitárias a partir das décadas de 1960 e 1970, estão entre os fatores que contribuíram para a desigualdade salarial.
“A igualdade salarial entre homens e mulheres ainda deve levar um tempo para acontecer. Temos vistos melhorias e crescimento da ocupação da mulher no mercado de um modo geral, mas ainda vai levar um tempo para que as condições fiquem efetivamente iguais”, afirma Katia Garcia, gerente de atendimento ao candidato da Catho.
Segundo ela, a mulher ainda perde espaço porque algumas empresas acreditam que ela terá menos disponibilidade para o trabalho por causa da família e da casa.
Por outro lado, Katia ressalta que o mercado está em evolução e diversas companhias passaram a acompanhar o movimento da importância da igualdade entre gêneros. “A melhor forma de ajudar a acelerar e engajar esse processo é estimular as empresas a ter esse comportamento, aderente ao que mercado pede. O mercado e as pessoas clamam pela igualdade e elas [companhias] precisam responder a isso”, completa.
Nos setores
A pesquisa lista as médias salariais de homens e mulheres em 28 áreas de atuação. Os homens têm salários mais altos em 25 carreiras e as mulheres só recebem mais em três.
As diferenças salariais entre homens e mulheres pode chegar a 116,4% na área de idiomas e cursos vestibulares, segundo a pesquisa. Na área de idiomas e cursos vestibulares, a média de salário dos homens é de R$ 4.271,95, enquanto a das mulheres é de R$ 1.973,69.
No setor de seguros, por exemplo, a diferença salarial chega a 97,7%, com um salário médio de R$ 5.831,95 para os homens e R$ 2.950,25 para as mulheres.
Elas recebem mais nas áreas de academia e esportes, comunicação social e produção de eventos. No setor de esportes, o salário médio é de R$ 2.810,62 para o sexo feminino e de R$ 2.007,43 para o sexo masculino.
Segundo o Guia Salarial da Hays de 2016, 52% das pessoas tiveram aumento salarial, sendo que a maioria eram homens.
A pesquisa também mostrou que as mulheres se demitem mais, buscando equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, além de satisfação profissional. Segundo Caroline Cadorin, diretora da Hays Experts, as empresas estão buscando opções mais flexíveis para que as mais mulheres consigam ter o equilíbrio que desejam.
“A medida que você muda o ambiente, você faz com que as pessoas acreditem que pode chegar lá, o resto acontece”, completa.
Ela também reconhece que há diferenças salariais entre homens e mulheres, mas diz que políticas de diversidade nas empresas podem minimizar esse processo. “As mulheres tiveram que trabalhar mais para provar que são capazes e que valem o mesmo que os homens e isso gerou um gap de remuneração. As empresas vêm se preocupando com essa diferença salarial e começamos a ver uma série de políticas de diversidade sendo implementadas para que isso aconteça menos.”
Por Pâmela Kometani, G1